sexta-feira

"[...]O amor não arde em ciúmes..."


"O amor não arde em ciúmes..."??

De onde tiraram isso?!
É certo que em estágios bem mais elevados do espírito, o amor, assim como todas as outras virtudes que pensamos entender, bem como sentimentos que ousamos sentir, têm um significado bastante diferente daquele que compreendemos hoje, se é que posso falar em algum nível de compressão. Mas enquanto isso, nós, reles mortais, não ardemos, queimamos, nos queima, faz queimar o maldito ciúme e suas nuanças de sexto sentido feminino enchendo nossa cabeça de caramiolas e nosso coração com uma dor irreparável, e por isso, a analogia de "ardendo" em ciúmes.
Explico.
Sei que o amor mais puro e evoluído não se ocupa com dores tão egoístas e materiais, mas alguém na terra, hoje, consegue amar assim? Penso que nem sempre... Assim, me sinto menos alienígena.
Difícil explicar o fenômeno que acontece conosco em virtude dessa sensação que mais parece uma corda na garganta, um desconforto geral, um espinho ou vários a brincar com o coração (físico) e uma novela mexicana em nossas mentes, tudo isso de uma só vez , se prolongando por dias a fio, e quando esquecemos, alguma situação faz com que tudo isso volte, e volta mais forte.
Se quer chora, quer correr, quer gritar, quer esganar alguém (ela), quer arrancar fora todo amor que sentimos pra que com ele saia também o maldito ciúme e toda sua corja de sentimentos ruins de dentro de nós.
Choramos, mas nao corremos, não gritamos (sempre), não esganamos ninguém (mas sonhamos com isso), e pior, não arrancamos de dentro de nós nem o amor nem o ciúme, e somos obrigados a conviver com ele, assim mesmo, nesse jogo  de "quem vai morrer primeiro", eu ou o amor...
Com o tempo e o amadurecimento, fui entendendo que essa responsabilidade não pode nem deve recair sobre ninguém (mesmo que eu quisesse), afinal, as pessoas não podem se privar de viver ou de companhias e etc. por capricho nosso. É... o ciúme é um capricho nosso que tenta colocar nossas relações em um patamar de segurança e confiança sem contudo considerar as vontades, experiências das outras pessoas.
Aos poucos (passos lentos) descobrimos que não estamos nos filmes da disney, onde protagonizam apenas a princesa, o príncipe e alguns animais falantes que colaboram para o "felizes para sempre", existe também essa bruxa que interfere sempre, e não se ela está fora (ela) ou dentro de mim.
Vamos entendemos que apesar de que quiséssemos extravasar todas vezes, impor nossa vontade e exigir do outro que faça parar de arder esse fogo, que recolha todos os espinhos do nosso coração, nem sempre (nunca) é justo, e às vezes precisamos calar, pois o ciúme pode ser mesmo pura vaidade, e não compensa sacrificar um amor por pura vaidade, não é?
Não corremos e nem dirigimos por vias longas, porque onde quer que estejamos, toda essa porcaria vai junto, fica perto, se faz presente, viciando o carinho, distanciando a paixão, esmagando nossa confiança e perturbando o ego, alter ego e o escambal!
E assim eu chego a uma conclusão... Já notou como um grande amor pode, facilmente, se confundir com uma grande neurose ou psicose?
Imagina alguém que seria capaz de mandar 365 cartas por 20 anos seguidos, sem obter resposta alguma ou alguém que diz que morreria por você; ou então alguém que sai desesperado pelas ruas atrás de um buquê de flores só pra ver sua amada sorrir. Ou ainda, imagina alguém que quer discutir diversas vezes pelo mesmo motivo que quase que adorando viver em um "loop", na tentativa desesperada de não ser, inevitavelmente, a chata e neurótica por tentar proteger seu amor.
Para os olhos dos apaixonados, qualquer dessas reações (loucuras) parece tão razoável, que, Sr, Juiz, seria preciso muito mais que 20 mil km de distância para nos afastar disso.
Então, agora, imagine pegar esse sentimento e guarda-lo em um lugar escondido pra ninguém ver. Aí sim é possível vislumbrar loucura, a diferença é que ela está escondida dos curiosos, maltratando apenas uma pessoa, eu.
Desculpe-me se te assusto sempre com esses episódios. Eu assustei a mim mesma, muitas vezes, e hoje, me surpreendo com o poder que isso tudo tem de me fazer pensar em todas, todas as saídas possíveis, como uma animal que, quando em perigo ou coagido, enfrenta o que for pra sair da emboscada. A questão é, até onde eu irei para não deixar caótica a nossa vida enquanto sacrifico a minha?
A esperança que me acalenta é que vou aprender na marra que determinadas coisas que eu venha a querer não dependem só de mim, de eu agir, e que é preciso seguir em frente, mesmo que com dores pulsantes, caso as pessoas não se importem com o que sentimos, ou ainda que se importem, mas não optem por se sacrificar por esse problema tão só "meu".
Desculpe-me por ser egoísta muitas vezes e tentar de todas as formas fazer com que você queira evitar a maldita proximidade constrangedora (aah aquela proximidade), o sorrisinho mesclando um interesse vil em destruir algo lindo que duas pessoas lutaram tanto pra construir, sem com isso, ter nada a perder; desculpe por querer que você tivesse os meus olhos, meu coração, minha mente, estivesse aqui dentro, apenas uma vez, para ver como eu vejo, como dói, como me enrolo em um labirinto em busca de solução, como me sinto esmagada enquanto tento domar esse leão para não ve-lo engolir ninguém... Mesmo que ele me engula por isso.
Dramas a parte, mas como quero que imaginem e por um milésimo de segundo sintam, antes de julgar o coitado do ciumento ou neurótico, como é difícil, penosos, ardido, quente e desconfortável sentir isso tudo, apelo assim, pra situação em que hoje me imagino, arrancando cada um dos espinhos e sentindo aquela lenta pontada advinda de cada um, e são muitos, vejo sangue, sinto dor, e quando acabo, limpo a ferida, faço um curativo, e tento me levantar, sabendo que após o terceiro ou quarto passo, alguém, sem a menor consideração vai arrancar meu curativo sem pena, sem preocupação nenhuma, sem interesse, em um ato de total (aí sim) vaidade exacerbada, enchendo-o de espinhos novamente, mas por amor, eu começo todo meu ritual de novo, e dessa vez, me calando, até onde eu conseguir, sem exigir de um ou de outro, um ato sequer de compreensão ou respeito, por tachar, agora, meu ciúme, de louco, desvairado, neurótico e injusto com o amor, com meu amor.
Aquele amor que faz com que eu queira ser uma mulher melhor,  pra ele, para o mundo, pra mim. Amor que em meio a tantos desafios e desentendimentos busca me dar sempre mais, mais carinho, mais aprendizado. Mais do que presença, vida, e por isso, não abri as comportas de defesa em face de uma ameaça eminente, existente sim, latente, real e falsa que existe próximo, muito próxima, mais do que eu gostaria, sob um manto inofensivo e antipático que me enoja, mas que, como vc não vê, preciso calar (?).
Noite pensando, dias faltando, horas saudando, tristes sonhos (quase reais), e depois de tudo isso pudemos enfim entender que o amor é, antes de mudo, entendimento. Esse é meu motivo, minha razão pra sofrer sim, mas sozinha.

E se esse não for o jeito certo de amar, qual será?




.:And I think I am just as torn inside:.

Where I Stood





.: Cause i dont know who I am, who I am without you :.