segunda-feira
my flashligth!
Eu preciso falar sobre o vazio que você deixou por aqui... Não sei se é cedo ainda, ou se já começo tarde. Não sei se vou conseguir terminar de uma vez ou se esse vai ser um daqueles textos que escrevo aos poucos, por partes para não machucar demais.
Costumo esperar, deixar dormir a dor e nas pontas dos pés, adentro o quarto escuro e triste que procuro esconder e fingir que não existe. Protelando. Protelando o desabafo, a saudade...
Há quem diga que fazer o que estou fazendo agora é muito "kauzinha", mergulhar na tristeza para ver até onde ela vai e me trancar com ela para me sentir protegida... Mas não. Não é esse meu objetivo aqui, por isso o blog é secreto e só pra mim. Meu quarto escuro, meu diário, meu rio onde me "deságuo". Meu lugar de ser quem eu sou sem me preocupar com os julgamentos, com melindres na escolha de palavras ou corações que eu pudesse magoar.
E assim, sem medo do que vão pensar, vou abrir mais esse quarto escuro para desabafar, pensar sim, lembrar muito e colocar pra fora o que vem pesando no meu coração, com a certeza de que não vai preencher esse espaço vazio, nem vai parar de doer por isso, mas eu sinto que eu preciso.
Como disse, não sei se é cedo pra isso, mas o tempo além de curar pode esconder isso que estou sentindo e não sei se quero deixar passar sem sentir de verdade, sem me sentir com a verdade, e por isso vou tentar agora falar sobre o caos, a saudade, o vazio que ficou na minha casa, no meu coração, na nossa vida quando vc se foi.
Engraçado como é grande, forte e verdadeiro o amor que sentimos por nossos animais de estimação e só quem tem e ama assim, é capaz de entender isso. Li uma matéria na 'superinteressante' que dizia que estudos indicam que mulheres vêem seus cachorros como filhos e eu sou a prova disso.
quando trouxemos essa bolinha de pêlos para casa eu tinha duas certezas: a primeira é que eu ia ter muito, muito trabalho! Limpar a casa o tempo todo, água na vasilha, comida nos horários certos, vacinas caras, arrumar a casa toda para recebê-la e deixá-la em segurança e conforto. Senti o peso de uma responsabilidade imensa recair sobre meus ombros. A segunda certeza, fez valer a pena todo o resto! Era a certeza de que esse "denguinho" ia me amar tanto e ia me seguir por onde eu fosse, querendo brincar ou simplesmente ficar perto. O sorriso certo compensou tudo! E sua doçura me surpreendeu a cada dia, assim como sua inteligência e amizade.
Tomadas mordidas, livros devorados, portas arranhadas, meus óculos destruídos, pêlos por toda parte, TODA parte... Braços arranhados,chinelos comidos, papel higiênico espalhado por todo lado e um lar cheio de alegria! Uma vontade incrível de voltar para casa todo dia, saudade que aperta o coração e dias que me fizeram completa, alegra e em paz. Mágica! Isso que a Amora fez pra mim, mágica! Todos os dias a mágica de me fazer sorrir, me fazer feliz...
Minha Amora me ensinou tanto em tão pouco tempo... E em minha varanda sempre a verei, assim como em meu coração pra sempre estará. Guardada com todo aquele amor que me dedicou, my flashlitgh...
Escrevi beeeem antes da explosão política de 2016!
Nem perca tempo lendo
isso, volte para os memes do facebook!
Estamos vivendo
momentos de crise, a primeira real crise no país desde que reencarnei. Venho
vendo a minha pátria amada Brasil, ser palco da patética política que os
eleitos praticam, já escrevi sobre isso, inclusive, sobre a sede de mudança e
irremediável torniquete na chaga da corrupção e luxuria dos poderosos e
poderosas que corrompem seus papeis e cruelmente dilaceram nossa tão sonhada e
utópica democracia.
Os escândalos parecem
não ter mais fim. Chega a ser assustador, mas ninguém mais teme a mídia, a
polícia, a promotoria ou a justiça, fazendo com que as denúncias pareçam
anúncios de supermercados na TV, passa toda hora, mas ninguém vê!
Confesso que, nesse
mesmo cenário, tenho me poupado de pensamentos dedicados na busca por soluções,
ou esperanças que há muito eu mesma pregava. Tenho me distanciado das
declarações vãs de repórteres que, indignados e com muita razão, apelam ao vivo
na tentativa frustrada de acordar a população que parece imersa em um universo
paralelo onde os problemas são sutilmente remediáveis sem muito espanto. Me
pergunto: Estou ficando louca e estupefata com tudo isso, ou meus
contemporâneos estão se fazendo Alice no país das ‘maravilhas’? Será possível
tanta omissão? Ainda vejo alguns na defesa dos nossos algozes com cartazes
ultrapassados e infantis sobre burguesia e proletário. Pára né... Não se trata de crise entre classes sociais e
essa mediocridade de pensamento já deu!
Mas sobre a crise de
HOJE... Não me manifesto tanto assim nas redes sociais, porque qualquer revolta
nas estantes do facebook se mostram quase tão narcisistas quanto ´selfies´ publicadas
com frases de auto ajuda. Preguiça.
Mas queria registrar
que em meio a sentimentos (isso, sentimentos mesmo) de desespero, desamparo,
revolta e tristeza, imensa tristeza de ver pessoas tão cruciais pro
desenvolvimento do nosso país, responsáveis pelo cuidado e zelo de 200 milhões
de pessoas, imersos na sujeira e lutando apenas para sair dela, deixando todos
os outros, na merda, se afogar.
Mas o mais frustrante
e dilacerante pra mim, é a imagem de uma louca, arrogante, pútrida, mentirosa e
completamente ignorante e autoritária rasgar a Constituição, cidadã (alguns
arriscam) que instituiu todos os princípios que nós, brasileiros, acreditávamos
nos proteger. Essa suposta proteção foi simplesmente desconsiderada, TODOS os
princípios que estava meio ao caminho de encher bolsos e bolsos à custa de
esvaziar o do trabalhador, são diariamente pisoteados...
Insegurança jurídica.
Foi assim que aprendi nos bancos da universidade. Insegurança jurídica...
devendo esta ser evitada a todo custo, sob pena de colocar em cheque a
democracia e seus tentáculos basilares e essencialmente fundamentais.
Preceitos fundamentais.
Normas de cunho principiológico que sustentam o Estado, a República, e garantem
aos cidadãos o mínimo de direitos e garantias aliados aos deveres.
Direitos? Onde? Apenas
quando convém ao Poder, e não ao povo.
Garantias? Pra quem?
Pra mim não é, nem pra você, tão pouco pra todos os demais, reles mortais,
trabalhadores, contribuintes, escravos do autoritarismo e distorcida democracia
fétida a qual estamos imersos hoje. Democracia com tom de demagogia ou
demagogia com máscara de democracia. Máscaras... antes usadas. Hoje, todas no
chão, dívidas na mesa, e a conta em nossas mãos... Contas que tiram da nossa
geladeira o alimento da família, mas hoje, como medida inevitável, eu bem sei,
me revolta apenas por não estar sendo cobrada de quem realmente deve pagar.
Pagamento. Tributos
injustos. Dívidas corruptas. Anistias políticas. Princípios mais uma vez
enterrados a sete palmos do chão ao fazer o pobre, o funcionário, o povo pagar
tributos sob o peso do próprio alimento, vendo reduzido seu poder de compra por
uma inflação covarde advinda de péssima administração pública e políticas
econômicas confiantes e baseadas em um piada chamada “pedaladas fiscais”.
Aprendi.. Aprendi que
o efeito dos tributos de modo regressivo é contrário ao princípio da capacidade
contributiva, e isso está na Constituição Federal.
Aprendi que esta mesma
Constituição Federal como Lei Maior, imprescinde de observância no trato de
qualquer conduta de quem esteja no exercício de cargos da Administração
Pública...
Aprendi que a
corrupção é crime e deve ser punido. (?! – não apenas julgado pra “brasileiro
ver”).
Aprendi que essa corja
toda deveria estar sendo processada por crimes GRAVÍSSIMOS de responsabilidade,
corrupção, formação de quadrilha, crimes contra a administração!
Aprendi que o Estado
está sobre 3 poderes, não vinculados mas harmoniosos entre si, e não deveriam
lançar mão de decretos executivos, legislativos, leis que ofendem TOTALMENTE o
processo legislativo pra livrarem a própria cara da responsabilidade pelas
atrocidades cometidas com o patrimônio e recursos públicos.
Aprendi... Aprendi que
nenhuma Lei é maior que o caráter do povo, e este, quando completamente
deturpado e sendento pelo próprio poder, faz com que nenhuma Lei possa socorrer
o povo. Lei pra tudo, lei de nada, pra ninguém, ou para o pobre, sem advogado,
sem condição de comprar a corte julgadora, este sim, vê o peso da caneta, vê o
mal funcionamento da máquina administrativa, vê o falido sistema penitenciário,
judiciário e a suposta Lei de execuções penais que assegura diversos “direitos
e garantias” minimamente humanas, jogada no imenso mar do esquecimento, do
pouco caso, descaso, sob pretexto da reserva do possível. Como eu disse...
Princípios e leis só são utilizados quando convém a quem os aplica!
É... pelo visto,
“ninguém respeita a Constituição, mas todos acreditam no futuro da nação”.
Os dias que não gostaria de registrar
Vida louca, quão louca
é essa vida... Dias que sim, dias que não. Natural. Normal. Faz parte...
Sorrisos, sexo, amigos, vinho, pizza, cartinha de amor, surpresa, pôr do sol,
bons livros, esmalte vermelho, mãe, “te amo” antes de dormir... Mas há outros
que definitivamente não merecem ser registrados, embora fatalmente sejam
vividos até o fim. Dias em que nosso coração aperta, lágrimas, nariz entopido,
dor de cabeça, fome, cara emburrada, distância, falta, ausência, palavras que
cortam feito faca, dor, vontade de sair sei lá pra onde, desejo de não voltar,
o “querer” mudar-sair-gritar-chorar...
Em tempos de facebook,
cremos que a vida das pessoas são feitas sempre de dias felizes: aquele dia na
praia, em Praga, no bar, na casa dos primos vendo filme e comendo pipoca, na
piscina da casa do pai, no parque correndo, nos melhores restaurantes da
cidade... Claro! Ninguém quer ou registra aquele dia em que o chefe está mal
humorado, aquela briga com o marido desde cedo, aquela preguiça de ir à
academia, a comida em um self service qualquer... Ninguém registra os dias de
cólica, de amores não resolvidos, do sexo não feito, a falta de dinheiro... Mas
esses dias são tão mais comuns em nossas vidas que não registrá-los parece-me
um passo no caminho da ilusão, da fantasia, da irrealidade. Explico. Não quero
dizer que devemos publicar para todo mundo assistir a nossa “nada mole” vida,
sei bem que no fundo gostamos que pensem que pra nós as coisas não estão tão difíceis
e que sorrimos mais do que choramos. É mesmo bom que ninguém saiba das nossas
lutas diárias e como damos um duro danado pra ajeitar as coisas ao nosso redor
e que de “mole”, nossa vida não tem nada.
Aí ontem, recebi a
carteira da OAB e fato, foi uma emoção maravilhosa, sensação de dever cumprido,
de conquista, de ter uma profissão pra chamar de minha, de ter nadado, nadado e
ter chegado à praia, cansada, sem saber o que fazer agora ou mesmo por onde
começar, com medo, insegurança, desempregada... Mas a foto não diz isso. A foto
mostra um sorriso estampado no rosto e um lista enorme de “parabéns”, deixando
transparecer apenas o lado bom da vida. Isso representa um registro de um dia
bom. Ou ao menos é o que parece. Só parece. Porque ninguém sabe o que passou
pela minha cabeça durante todo aquele dia... Ninguém sabe da minha angustia por
ter vendido meu carro e não ter como ir na cerimônia de entrega, ninguém sabe o
quanto fiquei triste por pensar que meu marido não estaria presente, ninguém
sabe que enquanto saia do prédio, com a carteirinha na mão e olhando pro meu
numero glorioso de inscrição na ordem pensei: “e agora??”.
A gente não mostra o
nosso lado ruim, nosso lado triste, nosso lado inseguro e medroso. Ainda bem!
Afinal, seria um saco viver dando de cara com a face oculta e sombria de cada
um que nos rodeia. Mais saco ainda, ter que nos lembrar todos os dias que
apesar dos sorrisos nas fotos, dos lugares incríveis para os quais viajamos, os
restaurantes maravilhosos que conhecemos, existe dentro de cada um de nós, na
vida de todos, sentimentos, pensamentos e lagrimas que ocultamos pra não
assustar ninguém... e dias... Ah esses dias... Que não gostaríamos de registrar.
Contudo, como de
costume, é bem essa tristeza velada que me inspira, que me move pra cá, para um
desabafo sem ouvinte, lamento sem som, frustração sem holofotes, choro sem
plateia... Bem do meu jeito, escondido, calado, guardado só pra mim, porque
ninguém vai entender o universo de sentimentos e sensações que se passam aqui
dentro, ninguém quer ouvir sem falar, ninguém que ser criticado sem se
justificar, ninguém quer saber só pra ajudar, ninguém fica sabendo sem julgar,
ninguém vai te ver nos seus piores dias e com todo pessimismo que tem direito
sem lançar um discurso: “onde esta o lado bom da situação?!” embebedado de
intenção de te fazer parar, estancar, calar a tristeza, o choro, o seu lado feio e seus dias ruins. E por isso
guardo, guardo de novo, em um lugar pra ninguém ver e com isso não julgar,
criticar, justificar, e me encher o saco com um lado bom que as vezes eu
simplesmente não consigo ver.
Prefiro que vejam fotos sorridentes de quando, passei na OAB, colei grau
com honrarias, peguei a carteira profissional, recebi flores do marido, um
abraço de uma amiga, assiti um belo pôr do sol, e pensem por um instante que as
coisa vão bem por aqui... Porque na verdade, ninguém precisa saber que quando
passei na OAB estava com os dedos feridos de tanto escrever; quando colei grau
estava com as costas destruídas depois de passar semanas pintando a casa,
quando peguei a carteira estava profundamente preocupada com o que eu
trabalharia a partir de então; que tenho muito mais difíceis no casamento que
recebo flores, e que por trás daquele pôr do sol da foto, estava eu com
lágrimas nos olhos, escondendo dias ruins que não merecem ser registrados, mas
nem por isso deixam de existir.
É que existem coisas que não devem ser ditas...
Mas dizemos, a todo
instante, pouco preocupados com o quanto podemos dilacerar alguém com isso.
Assim nos tornamos mais egoístas que supomos, sobrepondo o nosso desejo ávido
de falar, cuspir, despejar nossas verdades pouco verdadeiras, nossas angustias
não resolvidas, nossos medos covardes e nossas palavras cruéis,
Fazemos isso o tempo
todo, porém o que me parece mais injusto é que na maior parte das vezes, os
alvos são aqueles que mais amamos, os que estão mais próximo de nós, mesmo
sabendo que machuca tanto.
Ainda temos muito o
que aprender, pois na arte de nos tornarmos pessoas melhores, mais caridosas,
mais gentis e benevolentes, reprovamos na etapa “família”, por isso mesmo
reencarnamos bem próximos talvez, pra termos essa chance renovada a cada dia,
mesmo que não aguentemos mais.
Assinar:
Postagens (Atom)