
Mentir...
Falsear a verdade.
Emannuel disse: "a verdade é como um diamante, belo, mas quando atirado contra o rosto, machuca".
Será que em alguma circunstância mentir, é certo? Ainda que seja para poupar um sofrimento, uma mudança, um fim...
Mentir por amor existe? Será mesmo possível amar e ao mesmo tempo enganar sem escrúpulo algum?
Não seria o amor genuíno que lhes falo, mas sim, aquele nosso velho amigo orgulho revestido de paixão e medo da solidão.
Não vou ser hipócrita e dizer aqui que nunca o fiz. Já sim, sinto vergonha hoje e me arrependo, porém, agir conforme o bem é, de fato, muito mais difícil que se supõe; se entregar aos prazeres e tendência que trazemos em nosso íntimo é quase que automático, entende?!
Caminho longo e complicado esse, de se conhecer e mudar... Quando falo em mudar, digo no sentido mais profundo que aquele que a própria palavra expressa, todavia, não consiste em um simples controle do que está errado perante a sociedade, mas sim a sublimação daquilo que nossa consciência, "agora", recrimina. Sim! agora, porque outrora fazíamos sem pensar, mas depois de ter o conhecimento do que é certo, nos abstemos da argumentação: "mas eu não sabiiia!".
Ao conhecer os ensinamentos do Cristo, sobretudo, qualquer desvio de nossa caráter se torna um martírio com o qual lutamos para não mais ceder, e aí, não se julga o mérito cultural, se é aceito pela sociedade ou não, mesmo que por baixo dos panos.
O tribunal se transfere para dentro de nós mesmos, e aí sim, as coisas "mudam".
Quantas vezes confundi sentimentos e sensações com amor... Não sei se devido à imaturidade ou inexperiência ou ingenuidade íntima, mas com o tempo aumenta a sensação de mudança, e isso vai ficando cada vez mais claro; quando nos conhecemos e compreendemos um pouco daquele universo que acontece dentro de nós, percebemos quão sutil são as consequências do nosso esforço pela reforma de nossos atos e pensamentos.
Por século a fio, ainda irei procurar respostas nas perguntas e depois disso, vou entender que na verdade eu tenho ainda que aprender tudo, pois "nada sei", mas por ora, é confortante pensar que muitas vezes feri pessoas por não pensar no quanto eu era responsável por elas.
A bem da verdade, eu me orgulho por não estar repetindo esse erro, mas estou longe de fazer o certo.
Quando falo da verdade, quero falar em uma parte específica do seu alcance. Quero dizer as maravilhas da fidelidade, honestidade, lealdade e sobre a real ferida que abre em nosso peito quando dedicamos tudo isso e, por mais difícil que seja, ver e crer no desapontamento enquanto resposta, destrói aquilo que anima o sentimento mais puro que é a essência do amor.
Aprendi a confiar nas pessoas, e taxei minha intuição de louca e doentia, desacreditando-lhe todos os conceitos sutis e convincentes, e acreditei nos olhares dirigidos com suposto afeto, nas palavras ditas com fictício apreço e me apeguei aos gestos singelos que, mesmo que falsários, e coloquei, assim, em xeque, todas as declarações dissimuladas que, ao tentar me prender ocultando a verdade, me fez crer que o amor talvez seja tão breve quanto uma chuva de verão, não diferindo de outras tantas paixões arrebatadoras nem decepções dilacerantes.
O Cristo nos ensina o perdão, mas não nos pede para permanecer inertes; nos pede indulgência mas não aconselha a desmesurada aceitação em detrimento do sofrimento sem razão, então porque "cargas d'aguá, cá estou?"
Amor.
Paradoxo.
Gostaria de ir embora agora, pois falamos em casamento, filhos, família, eternidade... E agora sentir isso tudo despencar 'dans ma tête' esfacela o meu "felizes para sempre".
Aquele seu sorriso bobo, seu carinho ou seus planos, enganos?
Vou me preparando, me adaptando para qualquer coisa que simule ou insinue que tudo está em panos brancos, embora eu veja as manchas, mesmo depois de limpo.
Eu finjo, simulo que nada ocorre. Abro um sorriso "meigo-medíocre" para combinar com a situação, e forjo uma falsa aceitação de toda a sua mentira.
Eu sei que é mentira. Eu sei, porque o tom de voz muda, a pálpebra pisca tão rápido que só eu consigo notar, a respiração aumenta quase que imperceptivelmente, sua face fica corada, você me fita com mais atenção intencionando me convencer com excelência, e ao final de tudo, começa a surgir a primeira feição de "está tudo bem, ela acreditou".
Queria te contar uma novidade, eu nunca acreditei sinceramente. Mas o fiz pra te proteger, porque ninguém cuidaria melhor de você do que eu, mas em meio às escolhas que o vejo fazer, sábias, espero, se dirigem a um destino muito diferente daquele que você me conta e me encanta, de outra sorte, te leva ao encontro de outras pessoas, em caminhos completamente opostos aos meus; se fosse em outros tempos, eu choraria noite e dias por perder você, mas hoje, "verdadeiramente", choro de saudade de quando só eu era a "alegria da sua vida", e isso, eu sei que já fui.
O que me conforta é ter certeza de que tudo o que fez foi pensando e ponderado, visto que não me deixaria a revelia de traições lascivas, sensualmente materias, quero dizer, prefiro acreditar que não, para não comprometer tudo que eu aindo vejo em você, pessoa substancialmente bela, e eu um fantoche em suas mãos, que vou insistindo em direcionar meu olhar na busca incessante de um explicação plausível que fundamente o nosso desencontro, e me pego vivendo da mera mentira, para manipular a sua falsa verdade.
E o erro? Ainda está no meu ciúme? Ele realmente não tinha razão de ser?
Qubramos o cristal da confiança... quebramos!
Mas eu queria tanto saber porque vc fez isso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário