quarta-feira

Step away...

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Conheço seu pesar por eu supostamente não gostar de você. Pensei que enchança maior não há para falar-lhe o que há muito, calo em meu coração... Por isso mais uma 'carta sem remetente' mergulhada em verdades nuas.
Gosto de você. Em circunstância outra seríamos amigas de verdade, pelo pouco que a conheço, traduzo em você uma pessoa extrovertida, engraçada e simpática... Isso é uma verdade! E por isso respeito você e me esforço pra não julgar suas atitudes, declarações e manifestações de desejos subliminares e sutis... Ok, e isso é uma mentira!
Perceba que uma coisa difere substancialmente da outra e, como hábito, passo a me explicar.
Antes de mais nada reconheço que nada do permitirei transbordar de mim lhe caiba por completo, não é que eu desponte verdades finitas e opiniões inquestionáveis ou definidoras. Aqui, não pretendo (sinceramente) te definir (já o fiz de modo incansável na minha mente e conclui que não vale o registro), mas vou colocar pra fora, vou deixar sair e vou te mostra por trás das cortinas o outro lado da minha (por você conhecida) pose de esposa "bem cuidada" e sorridente e me atrevo a incitá-la a questionar a ideia que absorveu sobre 'meu problema com ciúmes'. Já aviso que vou me eximir da polidez social mas vou tentar (sério) manter o respeito dentro do possível, afinal, vou levantar o tapete e trazer a sujeira os episódios tristes que vivi e que costumo largar por lá, com você protagonizando, insistentemente.
Confesso, desde agora, que não o faço por um mero ato egoísta (como pode bem parecer) de desabafo ao despejar-lhe concepções e até lamentos tão íntimos, em que pese o que me motiva é que no íntimo, sem convite, você adentra vez ou outra. Também não guardo a intenção altruísta de que será este um ato heróico para alertar-lhe sobre um problema seu, tão pouco tenho a intenção de coagir-lhe a afastar do meu "pequeno universo" o seu "grande cometa" que não tarde em atravessar por aqui a me lembrar que nesse meu mundinho, por mais dedicação, amor e cuidado com o qual eu o construa, minhas estruturas ainda estarão, infelizmente, à mercê de intenções alheias que, sob o manto torpe e contraditório que leva o nome de "amizade", chacoalham minhas bases.
Interprete as metáforas (as uso bastante), siga ao pé da letra se quiser, vista a carapuça, assuma a responsabilidade, reflita antes de julgar-me, desconstrua a imagem que tinha de mim ou a conjugue, junto ao panorama parcial (oposto de imparcial e de completo, ao mesmo tempo) que passaram a você e pense como eu. Como mulher que é, namorada e esposa talvez um dia, você me deve isso.
Não vou me desculpar (isso não é bem um revide), mas não posso te poupar também... O que posso te prometer é que, de agora em diante, apenas verdades direi.
Sei bem que a força da convivência, o tempo de permanência, a contínua exposição, o desvendar lento e consequente do outro, conduz à amizades e com ela a admiração e carinho o que para pessoas expansivas e espontâneas, reclama um limite mais rígido que carece de observação cuidadosa sob pena de tornar uma simples amizade em uma 'amizade colorida' e por mais pecado que pareça isso é tão natural e paulatino que, digo por experiência própria, depois fica difícil administrar. É isso mesmo, assim como você tenho a característica de ser extrovertida, sincera, natural e é justamente por acreditar que você não faz por mal, não começo minha preleção qualificando (ou desqualificando-a, em verdade) como espúria, cínica, calculista, amante... Somente por isso comecei dizendo uma verdade, que gosto de você e junto disso, lá vai minha segunda verdade: que por uma questão de "solidariedade de gênero", "caráter familiar", "personalidade ariana" "esposa clichê" ou sei lá o quê preciso confessar que o que não gosto é da confusão que faz com os limites mínimos éticos, morais, sociais e de brio, muitas vezes, em face do meu casamento!
Perceba que não falarei aqui do 'marido', 'ele', 'o homem', por uma razão dialética e ideológica! Dialética porque é preciso considerar que se busco dizer a verdade apenas (minhas, by the way) e não caberia aqui me subssumir à verdade dos fatos e acepções de outra pessoa e tomá-la como valor argumentativo pois estaria fadada à tornar "minha verdade" inteligível e não cumpriria minha promessa com você; e ideológica por fazer jus à minha (platônica para alguns) afirmação de ser feminista-igualitária-libertária, o que me obriga a descolar-me da noção de dona, responsável, inquisidora ou possuidora dos limites do outro e esses denunciam meu assunto para outro remetente, que não você, e mesmo sendo meu esposo, de desvincilho da concepção tradicional de direito sobre ou relativo à por "ideologia, arrisco dizer.
Por isso vamos estabelecer um acordo semântico de pronto: As verdades que exponho são minhas (o que relativiza seu valor, questiona-a e a desconstrói em face da verdade de qualquer outra pessoa, você inclusive, razão pela qual te alertei sobre "pensar sobre" e não tomar como sofismo ou silogismos que sejam).
São verdades narcisistas mas sinceras. Pseudo verdade, talvez, mas puras e que tem por escopo manter-me fidedigna às minhas ideias e pesamentos. Você já é bem grandinha para pensar nisso assim.
Por isso tudo é imperioso que afastemos o "terceiro" dessa história como interferência ativa. Vamos falar de mim e de você, sobretudo da sua postura em face do meu casamento e limites que você insiste em devassar.
Sou jovem, mas me atrevo a dizer que sei e aprendo a cada dia, a desvendar pessoas, por isso observo, questiono, analiso, reflito sempre sobre tudo. Não escanteio sutilezas e enalteço o subconsciente traduzido nas entrelinhas, nas brincadeiras, nos comentários tênues entre o que é e o que não é, o que se quer dizer e o que se deve. Você ficaria assustada ao perceber o quanto exprimimos quando tentamos não exprimir e o quando nos revelamos quando nos escondemos por trás de declarações despretensiosas. Essas vãs filosofias me conduziram à capacidade crítica de olhar e ver, ouvir e escutar (e isso não é redundante, é sim revelador) e é triste confessar o que vejo em você. Ameaça fria, mensagem subliminar, brincadeira despretensiosa aparentemente, comprometedora para qualquer bom entendedor, o urubu a cercar o alimento, o vigia da oportunidade tardia, a postura frágil e o sorriso pseudo inocente, mas intuitivamente sedutor. Eu interpreto pessoas. Como profissional que me declaro, traduzo verdades subliminares, intenções mescladas nas entrelinhas, palavras colocadas cuidadosamente descuidadas. Malditas palavras suas colocadas!
Preciso confessar que não conclui se você é de fato estrategista e oportunista por excelência ou sonsa em demasia...
Eu poderia preencher essas linhas com as descrições lamentáveis dos diversos, digo diversos, episódios aos quais já me submeteu e coagir-lhe a se colocar no meu lugar, mas haveria de presumir que você se importa e como não concluí sua intenção, ao fim e ao cabo prefiro expor-lhe de modo detido as minhas acepções e como me sinto e você, por si só, há de concluir a relevância e consequência.
Esse ápice se dá agora em virtude da minha péssima habilidade com contas (pra saber quantas vezes foram as que me invadiu), da minha mudança de postura (que me induz a questionar minhas atitudes e modificá-las) e meu compromisso comigo mesma e com o mundo de não deixar passar, de não fingir, não esconder de mim mesma aquilo que precisa ser visto! E "desculpe-me o transtorno, mas precisamos falar de você!" Simples, parece, mas não o é, te mostrar quantas vezes você figurou como algoz de brigas, discórdias, desavenças no meu casamento. Quantas! Se acaso fosse essa sua verdadeira espúria-íntima-intenção, infeliz confesso que sucumbi.
Por quantas vezes me despedacei, briguei, chorei, quis desistir, quis esquecer, quis fazer sumir você, da minha vida! Quanta angústia, quando medo, quanta insegurança e principalmente, quanto desconforto você já me causou e isso tudo eu só soube expressar ao argumento do ciúme.
"Desculpe-me" disse a ele: "Fraqueza minha" ou "Problema meu".
Entre idas e vindas, por anos permiti tacharem-me de louca, julgarem-me a intensidade, questionar e negligenciar meus desvarios. A "ciumenta", a "doida" ou mesmo: "ela tem problemas". Eu sei bem, isso certamente já deve ter sido pauta de conversas entre vocês e por tanto tempo resignei-me sob o peso de reconhecer isso tudo como verdade... Hoje amadureci, refleti, analisei e julgo demasiadamente deturpada essa ideia, injusta comigo e ilusória pra você e vou dizer porquê, porque eu gosto de você mas odeio tê-la por perto. Perto demais do meu casamento. Odeio quando se imiscui do seu papal de "colega do trabalho" que deveria te definir e invade minha intimidade, dilacera a distância saudável que precisa existir entre você e uma pessoas casada, sob pena de colorir o que não deve, por um preceito moral, pra começar!
Odeio muito isso! Odeio quando sua pseudo inocência me transfere o papel de bruxa e você a coitadinha que jamais teve a intenção de prejudicar, ofender ou se oferecer. Talvez (bem provável) que isso tudo você só compreenda quando for você a enfrentar a dura realidade de que seu marido tem uma "amigazinha do trabalho" que leva comida pra ele, que lhe comprar presentes temáticos com o time de futebol que conhece ser fanático, quando brinca com a intimidade dele entrelaçando-a demais à dela. Mais do que você gostaria de supor! Eu odeio quando pego mensagens suas NÃO mais subliminares e descarada oferta de ir à minha casa, acompanhar e cantar para o meu marido na minha banheira. Será possível isso? Arnaldo, pode isso Arnaldo? Oi? 
Brincadeiras vis, afirmam vocês... O que me deixa assustada e esmagada por dentro é saber que essas que eu descobri representam 1% do que de fato já aconteceu, do que já foi dito. Tenho medo de saber o que já foi feito. Isso vai morrer com vocês, mas acredite! Desejo a você em dobro, tudo o que me causou e essa lei (não minha) da ação e reação é infalível e sei que se hoje sou vítima, algum dia estive no seu papel, sufocando uma família, ameaçando um casamento, seduzindo quem não deveria por um capricho, por sucumbir a um desejo, auto-afirmação, queda de braço, auto-estima sei lá.
Motivos não me interessam, mas essas dentre tantas outras entaladas na minha garganta por anos, Fantasmas que sempre voltar a revirar e apertar meu peito, atormentando aquilo que deveria ser meu porto seguro, diluindo a confiança e me relegando a pecha de "ciumenta" e não de "otária". Pra mim ambos!
Odeio quando "brinca" pedindo ajuda dele pra se limpar no banheiro, odeio quando "brinca" pedindo um pedaço do meu lote para morar, odeio as caronas (não sei quantas e nem o que aconteceu dentro daquele carro mas até hoje aquela unha postiça não desceu!). Mensagens (nem sei quantas e nem seu conteúdo comprometedor). Brincadeiras (a forma mais lúdica de dizer a VERDADE). Odeio!
Ciúmes. Seria ciúme, então? Louco, desmotivado e gratuito? Me pergunto de após 10 anos seria o ciúme cabível e respondo pra mim mesma que em um mundo normal, com pessoas normais e com o mínimo de caráter ele sequer seria necessário, mas diante dos fatos, esses mesmo que descrevi, me diz você, é possível evitar o "monstro" que vive atrás da minha orelha?
Monstro nutrido pela bruta invasão, completa rechaça de limites, devassa do respeito a mim, meu casamento, meu bem estar. Você não conhece, olvida ou repulsa esses limites?
Isso a torna perigosa demais para todos que lhe cercam a presença. Sobre tudo às esposas...
Nesse contexto nunca ter sido amante de ninguém, nunca ter destruído lares e só me cabe rezar muito para que se afaste de mim e do meu casamento.... Mesmo sabendo que essa é mais uma das tiípicas expectativas de mulheres apaixonadas como eu, que em face de mulheres como você desinteressada ao reverso, se aproxima com sorrisos fartos, olhares sedutores, postura de menina-mulher frágil-doidinha-fácil. Fácil demais, a seduzir desavisados, cegos pelo desejo, carentes de auto-estima, presas fáceis. Homens casados são sempre presas fáceis. Machista demais isso, mas é uma forma de expressa outra verdade: homens casados precisam se sentir na ativa, carecem da sensação de ainda dão conta, ainda são capazes e pra esses, lá estão mulheres como você, ao sustentar o papel de "sou doidinha mesmo e sua esposa não precisa saber"!
A sinceridade que prometi está aí, e pode ser difícil de ouvir mas agora é a hora de nos despirmos das máscaras, peles e palcos afinal, mulheres assim ou assado, aqui ou acolá, eu ou você, somos sagazes e inteligentes o suficiente pra enxergar o que acontece na outra face da peça! O famoso "poder da sedução", a força da persuasão de sutileza imperceptível e brincadeiras tão inofensivas... É... Eu sei... e olha que nasci 10 anos antes!
Preciso mesmo me desarmar das ofensas prontas e na ponta da língua que venho tramando há tempos, preciso me abandonar da faceta de esposa "ciumenta" pra ele, "otária" pra você, me despir do sorriso falso que oculta o desejo enorme de te ver longe o suficiente do meu casamento e de qualquer outro que eventualmente seja vítima da sua própria torpeza e sem rodeios.
Ontem ele me contou que pediu pra que ele fosse te ajudar a comprar um carro, talvez ele tenha até ido, e mentiu pra mim, claro, isso dá divórcio... É... mais uma daquelas verdades frouxas embebedadas em uma tragédia com sensação de indignação, raiva e respondi estupefata com tamanho atrevimento: "É sério isso?" Esperei verdadeiramente que houvesse algum erro de dicção e que eu ouvi errado, mas não foi o caso. Acredito que ele foi ingênuo ao me contar e ao fundo até esperou minha aprovação quanto ao ato solidário a que ele fora chamado e eu só conseguia pensar que preciso mesmo estudar e construir algo mais denso, firme e intangível na vida pois se com mulheres com vergonhas tais já era difícil manter um casamento, com essas sem vergonha e sem limite algum muito menos. Mais uma vez você ali, inocente, frágil, fofa fazendo um pedido tão inofensivo e eu aqui assistindo meu casamento em "cheque", por um triz do "mate".
Mata a confiança, mata a segurança, mata a fidelidade, mata a lealdade, mata a harmonia... Cria tormento. Meu tormento.
Não vou dizer o que ele pensa, diz, sabe, quer ou faz...mantendo-me fiel à promessa, cabe a mim dizer que essa não é a primeira vez que faz isso, como demonstrei, e lamentavelmente não vai ser a última que trata meu casamento como um cone na pista e vem você desgovernada, embreagada, dirigindo na pista e estabelecendo uma relação de probabilidade destruidora e pior, ao argumento de que não tinha a intenção... "Não é nada disso que você está pensando, Fernanda!" e o convence disso com maestria, mas eu? Eu já estive no seu lugar, baby...
Enquanto lhe escrevo penso comigo tudo que ainda tenho a aprender, pra trabalhar dentro e fora de mim, todas as fantasias que preciso abandonar, todas as verdades que anseio conhecer, e as feiuras que existem no meu "altar-casamento" "sonho de princesa" "amor sincero, puro e verdadeiro", afinal, não sou tão ingênua a ponto de desacreditar que limites extemporâneos os seus, são necessariamente amparados ou repousam sobre limites que ele impõe ou deixa de impor, mas por ora, vou me ocupar do meu problema com você e não no fato de que o amor-poético não passa de uma contradição progressiva e manipuladora. 
Por enquanto, digo a você, por favor STEP AWAY! De vez... Chega pra lá, dá um tempo, sai fora, se toca, se liga, se manca, se fecha, fecha a boca, fecha a cara, fecha as pernas! Não me invade, não se intruse, não me assombre mais! Você tem sido implacável e eu não sustento mais isso!
Pode ser que um dia esteja no meu lugar, sendo a esposa tachada de desvairada, mas ao apagar das luzes só você vai sentir o gosto amargo da invasão, da devassa, do ver deitado a perder, tornar lasso ou por um fio aquilo que a duras penas, com tanta dedicação construiu e julga como parte fundante sua, amor seu.
Não sei muito sobre você, porque "você" se tornou um assunto delicado sob meu teto, não sei sobre sua família, não sei se você conhece alguém que já se viu abatido por traições (de toda sorte, inclusive as supostamente inofensivas - brincadeiras sinceras-escondidas-pífias demais), mentiras, falseadas versões dos fatos, meias verdades, partes curtas das histórias, tentando ocultar a parte feia e destruidora que se revelaria sem manipulações outras que envolvem "aquelazinha", mas acredite quando te digo o quão odioso é.
Eventualmente terá que conhecer seus limites e daqueles que lhe cercam, e por questão de honra, não lhe é pedido muito, é? Precisará saber até onde pode ir a partir de quando transforma esposas em ciumentas loucas ao invés de ter que se deparar com seu reflexo indiscutível no espelho de "amiguinha" "a outra" "a fácil" ou aquele que algum dia receberá 50 reais e poderá ficar com o troco.
Se eu gosto de você? Claro que sim! Veja que se não o fosse, minhas duras palavras lhe reduziriam à pacata imagem de quem furta amores alheios por total incapacidade de conquistar o próprio sequer. Mas não... acredito mesmo que como gosto de você, outra pessoa também o fará, e se quem está ao seu lado não lhe cumpre essas expectativas (minimamente dignas) não aceite! Não aceite menos! Não aceite meias verdades, "amiguinhas" perto demais colorindo a amizade pois o que é perto demais uma hora fica dentro! Busque pra você quem te supra, te cumpra, te assuma, te cuide, te dedique, se assemelhe, se debruce, se declare, te repare. Não mendigue, não lance mão do que por outro foi cativado, não se engane, não me engane... Busque, conquiste, ame e sinta que quando está preenchida não cabe mais sorrisos fartos e fáceis para outros homens, o que está ao seu lado vai te bastar e te consumir não deixando sobrar nada pra mais ninguém, e aí então, tudo o que você menos quer é que surja alguém na história com brincadeirinhas vis, frouxas, íntimas, oferecidas a macular seu sonho de "felizes para sempre". Por favor, não busque no "meu felizes para sempre" oxigênio para suas frustrações ou autoestima baixa, não busque no meu casamento o companheiro que você não tem. Esse é o limite! Não aceito isso! E agora declaro. Não guardo mais. Não finjo. Não escondo mais. Não quero mais que despeje sobre mim o peso do rótulo ciumento que por força do seu deflagrado desrespeito me acometo. Não o faça, eu te peço. Não induza à ideia de que não há interesse algum, intenção nenhuma, despretensão pois é insistente demais para torná-lo inocente. Você e eu sabemos que existe muito mais do que gostaria de deixar transparecer! E ainda que nada fosse, e de fato intenção alguma houvesse, não legitima, não condiz, não corresponde, não cumpre e não é páreo pra te eximir da responsabilidade por tamanha cizânia, desavença, caos.
Estou me varrendo pra fora, me limpando por dentro, me desaguando de tudo. Me dedicando a conhecer meus revéses, meus inimigos. Me livrando das poses, aplausos, apreços. faz parte da jornada matar meus fantasmas, despojar-me dos medos, deslavar verdades secretar, tirar do fundo, contar o segredo, repensar os rótulos que me deram e se eu discordar vou simplesmente tirar da mala e você? Você se colocou no meu caminho e pra não tornar-me fantoche, coadjuvante ou mera espectadora da minha própria ideologia, sucumbir ao meu próprio silêncio e ser vítima da minha própria história sob pena de viver não apenas com a orelha de burra, título de ciumenta mas também o arrependimento da covardia, trouxe aqui, em um tête à tête e te dizer que você não vai se encontrar em lugar nenhum enquanto esbarrar no "mundo" de outras pessoas fazendo com que elas se percam delas mesmas...
Por fim, inauguro minha última verdade a você: investi tempo demais te dizendo verdades por acreditar ainda que haja boa-fé como pano de fundo, caso contrário, laçaria mão de palavras feito lanças que ferem. Que esse hercúleo esforço, afastamento do meu orgulho e até honra, de certo modo, sejam úteis e não se permitam mais ser tão negligenciado por você como de costume, sob pena de declinar mais ainda e ao fim e ao cabo deitar-se sobre amarga consciência de ter sido escopo mais uma vez, da discórdia, da tristeza, do rompimento frio de um "felizes para sempre".
Triste vai ser recolher-se à posição de coadjuvante da própria história, afinal, as histórias falam sempre em príncipes e princesas, não é?


MP

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"Há cargos públicos que representam, por si sós, um prêmio e que não pedem dos que os ganham mais que o cuidado fácil de guardá-los. O Ministério Público, entretanto, se afasta inteiramente destes casos. Qualquer dos seus lugares é um posto de sacrifício, de conquistas diárias à opinião, de disputa sem trégua contra a malícia da advocacia, contra as reservas dos juízes, contra a ambição naturalíssima de seus próprios pares. Nenhuma das funções judiciais é tão sujeita às criticas da imprensa, tão exposta aos embates dos interessados, tão acessível às explosões legítimas das partes ou de seus procurados. Se o ocupante é digno do cargo, se está à açtura de exercê-lo, moral e intelectualmente, não sabemos de ensancha mais propícia aos surtos rápidos no foro. Se não o é, porém, sucumbe, arreia, cai por força - e cai do pior modo, aos poucos, dia a dia"

Carlos Sussekind de Mendonça

Eu, mulher, confesso

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Que suas censuras nos fez relutantes e ainda faz a cada dia...
Seus preconceitos permitem nos reinventarmos
Seus paradigmas nos impõe alvos a serem alcançados
Suas limitações nos fizeram mais fortes
Suas mordaças nos permitiram gritar alto
Seus exageros nos tornaram resistentes
Suas imposições nos fizeram criativas
Seus excessos nos coagiram a correr mais rápido
Seus domínios nos incitou à liberdade
Sua insistência nos levou à busca por ávidas conquistas
Sua força nos impeliu à capacitação intelectual
Sua ignorância nos trouxe resignação moral
Seus "ismos" nos presenteou com movimento lindo "feminismo"
Seu deboche virou broche. Broche na gola de cada forte mulher que trabalha cedo, que estuda tarde, que cria, procria, recria... A mulher que ama e perdoa, nasce e renasce, que se reinventa a cada obstáculo e de cada dimensão negativa pela qual expressas seus desconforto, uma dimensão positiva se traduz a nosso gosto.
De tanto nos chamar de frágil, nos fez firmes...
De tanto nos colocar atrás, presa ao braço, nos empurrou pra frente a lhes inaugurar novos horizontes.
De tanto subjugar, nos capacitou a recriar e surpreender.
Hoje começo a enxergar que nos olhares mais descrentes, o medo de ver que ontem queimaram sutiãs e hoje votam, legislam, julgam, estão em todos os lugares, pares, iguais.
Amanhã estaremos por todo lado, livres, desincumbidas de suas pechas ainda insistentes mas fadas a decair, desconstruir.
Vamos desfazer conceitos, questionar premissas, desmontar estruturas efêmeras, devassar limites sexistas, dilacerar diferenças e juntos, todos nós, compreenderemos que hoje estamos mulheres, amanhã homens, assim como vocês que ao passo que delimitam se limitam. Vamos então aprender, de uma vez por todas, que não há supremacia de gênero pelo simples motivo que essa dicotomia surge de uma construção social deturpada, cega e ignorante e que naturalmente vai sucumbir às pedaladas da evolução e não cabe mais, não há espaço e não tem mais o condão de anular, rechaçar, escusar e coibir a linda flor que surge da igualdade e fraternidade.

Fernanda,

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"Viva a história que você quer contar e se lembre que toda vitória oculta renúncias."

"Não olhe para trás, você já sabe onde esteve. Agora precisa saber onde vai, e por isso comece todo dia, tudo de novo."

Não são palavras minhas, mas sem dúvida são pra mim...

Sem remetente

Sou do "tipo" que escreve cartas.
Escrevo cartas todos os dias, algumas pra mim, outras pra você, todas pra ninguém.
Escrevo pra colocar pra fora, deixar sair, exprimir.
Não jogo mais embaixo do tapete, mas tenho plena consciência de que a ninguém cabe suportar tanta emoção, tanta sinceridade... Sei bem que a ninguém cabe o peso de deglutir minhas pseudo verdades e por isso não mando, não envio, não entrego.
Sem remetente são as cartas que me esvaziam ao tempo que me permitem ser completamente eu.
Me deixam expressar sem revés, expor sem vergonha, pedir sem resposta, julgar sem perdão, gritar em silêncio, machucar sem ferir, curar sem remédio.
Posso me arrepender sem ônus, mudar de ideia sem justificar, revirar-me sem pedir licença,  ir embora sem me despedir, posso"falar da boca pra fora" (ou seria escrever do teclado pra fora) mesmo sabendo que não corresponde exatamente ao que sinto ou penso. Posso mentir, mas não minto. Posso fingir, mas não finjo. Posso correr, mas eu fico. Posso calar, mas não o faço. Posso me esconder, mas me mostro. Porque é tão mais fácil quando nos permitimos ser sem melindres, manifestar sem recalques, ser sem pose. É tão mais leve e descansa tanto ser quem sou e não quem as pessoas esperam... É como chegar em casa depois de um dia cansativo, atordoado e estressante e tirar o scarpin salto 10 e o sutiã! Ahhh! Ser mulher tem seus escapes, ser Fernanda tem suas cartas... Cartas para o mundo, todo mundo. cartas pra mim e pra mais ninguém.

É segredo, mas vou falar

"Here comes the sun..." 
Essa música tocou hoje pela manhã e me permitiu esquecer a fatídica noite de ontem. Uma péssima noite, by the way, por causa daquelas rídiculas e chatas brigas de casal... Nesses mesmos momentos eu me pego refletindo se não seria o casamento uma verdadeira trama de desventuras em série; aquelas com um dia bom, dois normais, três ruins e 10 indiferentes a seguir. A matemática não bate e se afasta da lógica que supostamente fazem as pessoas não desistirem umas das outras. Acho que essa conclusão tem sido bastante comum, afinal, as pesquisas apontam dados assustadores sobre os casamentos desfeitos, superando o número dos realizados, em alguns lugares. Eu sei que é bem fácil mentir com dados, números e pesquisas mas olhe para o seu lado e veja quantos casais que você conhece estão juntos ainda, quantos não se separam por preguiça da dor de cabeça e, principlamente, quantos são felizes com o companheiro. É... assusta, não é?
Ainda ontem lembrei do Sr. Márnio que conheci na sala de espera do plano de saúde há algumas semanas. Sr. Márnio é aposentado da aeronáutica e poeta! Ao escuta-lo gabar-se (com toda razão) que no dia seguinte completaria 80 anos de idade e 60 de casado, não me contive e quase que por impulso indaguei-lhe curiosa sobre qual seria, enfim, o segredo para chegar até ali. Eu queria mesmo saber "como", de que jeito... Ele calmo e até bem rápido me responde sem hesitar, como que possuidor de uma resposta ensaiada: "Paciência". Insatisfeita com a resposta curta e um tanto vaga, retruquei relutante: "Só isso? Só paciência?" (até pareceu que isso eu já praticava com maestria... pareceu apenas) e de modo mais dedicado, com a sabedoria que só a experiência é capaz de produzir complementa: "Há dias que nem nós mesmo nos suportamos, quem dirá o outro e tem mais, um dia o outro somos nós mesmos" (ele pode não saber mas ele resumiu em meia dúzia de palavras o conceito luhmanniano de autopoise, incrível não é?!), e continuou: "Amor mesmo se transforma, muda todos os dias é preciso cuidar para que ele não mude demais, mas com o passar dos anos é inevitável que ele se torne uma imensa vontade de fazer o outro feliz, e depois evolui para uma profunda (ele deu muita ênfase aqui) amizade e essa amizade nos conduz a viver em paz dividindo nossos dias com quem está ao nosso lado. Cuidando sem querer nada em troca, pelo simples prazer de cuidar".
Sutilmente sorri pra ele. Todos da sala pararam o que faziam para dedicar-lhe a atenção. Meu sorriso dizia em silêncio, ante à ausência das palavras, que ele deveria estar coberto de razão, todavia, eu não saberia como concordar sem antes, aquilo tudo, viver.
interessante que ele terminou sua preleção de forma descontraída enquanto assinava seus papéis com uma frase que me marcaria para sempre! Disse ele: "o casamento é mesmo complicado, não digo que não, mas não é um jogo. Jogo não é! Não existe jogo de um time só e casamento é um time só e não uma disputa. É cansativo viver em disputa. Ninguém aguenta viver em disputa. Você percebe que 'paciência' é o segredo quando repara que o placar deve ser sempre positivo, ganha-ganha e até quando perder para que o outro ganhe sozinho, sente-se vitorioso".
Nem em mil anos terei a sensibilidade e maturidade emocional para compreender o sentido dessas palavras, tão simples e profundas ao mesmo tempo.
Sr. Márnio me enviou por e-mail uma poesia a qual chamou se "Ode à advogada" e senti-me abençoada por cruzar-lhe o caminho.
Foi refletindo sobre isso que me acalmei ontem. Depois de chorar, é claro (meu emocional é uma boneca de porcelana - frágil demais no momento), afinal percebo que a cada dia, a cada batalha, a cada texto ou reflexão me torno mais sensitiva, e isso não quer dizer sensível.
Refleti. Repensei. Não deixei a mágoa descansar inconsciente; não alimentei o monstro da indiferença ao sabor do desconhecimento do que de fato me machucou tanto naquele momento... Fui até bem fria ao pensar e analisar o que se passava dentro e fora do nosso "superego", precisava saber o que me doeu de verdade, se foi o fato/ato, palavra-muda, ou só meu orgulho ferido ou contrariado.
Conclui por uma verdade intrigante... (que 'paciência' pode até ser o segredo, mas onde é que eu compro isso?!) que eu acho que amadureci. Não ri não... é serio isso! 
Naquele momento eu me dei conta de que o que magoou e me fez triste mesmo é que ao amadurecer me tornei mais honesta comigo mesma e mais exigente também e não permito mais ofensas deliberadas e injustas, isso me entristece. Ao amadurecer percebi o quanto uma ofensa desmedida, desajustada, inócua, me ofende o brio. Já me satisfiz ao perceber que não era uma questão de orgulho, nem queda de braço, como muitos julgariam...
Revoltei-me com o autoritarismo, com a imposição do silêncio, da camuflada ordem de calar-me. Doeu porque fez calar o que passo a vida buscando falar, fazendo expressar. Cada um tem suas razões e justificativas para cada atitude, não discuto, mas me soa tão egoísta fazer calar meu coração, minha angustia, minhas justificativas, minhas verdades. Permitir isso tudo não revela apenas ombridade ou caridade, mas afasta a metáfora de que me fez sentir como uma lata de lixo, onde deliberadamente despejou um monte de porcarias e tampou com força, não me deixando sair, respirar, me livrar daquilo. Não quis brigar... Sério? Não brinca?
Deveria pois despir-se da bruteza do desabafo, da preguiça da conversa sincera, da palavra frouxa, do julgamento torpe, do cansaço infiel, do costume feio em falar comigo como quem bate um papo no trabalho. Deveria então cair fora da dicotomia em que vive ao sustentar princípio morais tão elevados ao passo que se permite dar apenas à medida do que recebe, fazer conquanto que o façam com você, revidar criativo ao argumento de que apenas 'dança conforme a música'. Assim estará fadado à injustiça sob o pseudônimo de 'igualdade', ou não sabe que se trata na verdade em dar tratamente desigual aos que desiguais são.
Será que isso não o relegará, não tarde, ao vazio se sentir-se só rodeado de pessoas, por mover-se por uma "ideologia", "política" ou hábito de pequenas disputas, cujos adversários vão ter que lhe dar com sua vingança criativa por não aceitar ficar por baixo, fazer mais que o outro, ser melhor que o outro? Tudo bem, eu sei que essa pode apenas ser a forma que você encontrou para exigir um tratamento mais corrento dos outros para si ao invés de falar, se expressar e muitas vezes, simplesmente pedir... Tenho certeza que existe uma razão lógica por trás, mas a questão é: ela não está dando certo pra você mais, nem pra ninguém que lhe cerca.
Eu não briguei. Eu não julguei. Eu sequer "desobedeci" seu grito imperativo baldado na ameça de levantar-se e não tornar a dormir ao meu lado naquela noite. Eu calei, como você mandou. Alto, bravo, macho. Egoísta demais para ver que quem mais perdia era você. Surdo demais para escutar seu próprio recado. Indiferente demais pra refletir sobre tudo e se limitou a pedir desculpas pela palavra invariavelmente pejorativa que descuidou-se em proferir. Ao fim ao cabo, não me contive, levantei então porque seria ultrajante virar para o lado e dormir, calada, subjugada e negligenciada à um pedido inexpressivo de desculpas relativo a uma palavra "mau" dita.
Poderia lhe explicar que o que feriu foi o tom crespo com que me tratou. O julgamento espúrio sobre minha conduta (sou isso mesmo ao seu ver?). O que foi foda engolir foi o ar arrogante, cheio de razões e detentor da verdade. A postura altiva e fracassada de quem se permite o direito de falar o que pensa, com tamanho desmazelo, ao passo que se recusa a ouvir. O que me arrasou foi a disput. Você sempre disputa comigo. Sempre em um jogo de adversários, cálculos sobre o próximo criativo movimento, se julgando esperto demais às avessas, ao punir, censurar, revidar. 
Se sequer fosse capas de ouvir isso tudo e não se ocupar com o planejamento da resposta à altura, perceberia que nos últimos 3 dias, bancou o criativo, o inteligente, o justo, várias vezes... (ou andar pelado pela casa lhe é característico? Não errado e sinceramente, seria bem engraçado se fosse genuíno, não como fruto do seu jogo: "me calo mas não consinto e você vai ver").
Não lhe parece mais honesto com os próprios princípios, ou mesmo, mais criativo e inteligente repensar sua maneira de agir?
Ao fim, ao cabo, não poderia lhe falar tudo isso, não conseguimos ser sinceros, reciprocamente, a tal ponto, por razões bem óbvias depois do desembaraço dessas linhas. A essa conclusão, infelizmente, você só vai conseguir chegar ouvindo, não rebatendo, retrucando, montando o quebra-cabeça do argumento contrário cheio de razões que lhe aumentaria o placar. Precisaria perceber que é ruim tratar os relacionamento, quaisquer que sejam, como um jogo onde a criatividade do seu revide te faz mais especial. Imperioso que escute! Me escute! Porque sou eu quem está ao seu lado todos os dias nos últimos 10 anos, sou quem quem dorme, acorda, te analisa, te descobre. Eu quem convive, vive e revive suas artimanhas, percalços, fantasias, ilusões... Sou eu quem te olha e vê por trás da força que pretende demostrar... Os elogios carregados que escuta no seu trabalho, no centro ou sei lá onde, em parte, claro, bem verdadeiros eu bem sei, mas em parte superficiais demais para que se apegue e se apoie... Ou todo sabem o que diz o seu olhar observador, sua fala irônica, sua REação calculada à paga, sua palavra firme que expressa o contrário do sentido?
É ontem eu calei. Contra todos meus ideais e ideias, guardei pra mim, me deixei assim. Calei por uma razão sistemática e consciente: o motivo pelo qual você deveria me pedir desculpas  é muito mais sério, profundo, complexo que aquilo e por caridade, honestidade precisarei dizer-lhe em momento oportuno para não permitir que me esvazie ao seu bel prazer ou como satisfação de um capricho. Não queria brigar... Sério mesmo? Seria esse o pior dos seus problemas? Veja só o que isso nos custou, me custou e te custou. Você pode até ter razão em querer cessar por ali o que viria a ser um debate sem pé nem cabeça, mas o certo seria encontrar uma forma qualquer mais cuidadosa ao falar, e não reservar-se ao direito desmazelado de cuspir e correr.
Não posso permitir que me faça isso de novo. Percebe que se eu permitir agora, fatalmente me anularei amanhã, me reduzirei a ninguém, nada do que penso que sou, que quero ser... Te darei na mão o direito de se imiscuir do respeito de reclame mais profundo que existe: o de que o seu limite termina onde o meu começa, e esse, meu caro, você não pode ultrapassar e por isso mesmo eu posso falar, eu devo, preciso à justa medida que se reserva ao mesmo. Isso é básico, princípio. Errou rude!
Esse nó amargo ao pé da garganta, agora traduzido, a revoltar-me o peito me fez ver que, mesmo que muitas vezes confundamos, existe um linha que define nossa individualidade e separa o joio do trigo, afasta o meu do seu, o que é seu e o que meu. Meu limite rígido. Seu sinal de "pare".
Respeitei você da forma mais justa, genuína, sincera e paciente que me coube. Percebe que noutros tempos, em face da imaturidade da dor e do amor, me sentaria na cama e me debruçaria a proferir-lhe questionamentos e palavras duras e extremamente inexpressivas, choraria compulsivamente e aí sim você se levantaria da cama. noutros tempos, a "impulsiva" aqui, cederia ao orgulho, à honra, ao desejo inefável de dizer o que pensa e fazer com que mastigasse aquela ameça com farinha... Mas não o fiz e não me arrependo. Guardei pra mim e levantei. E agora, sem impulsividade, sem arrogância, mais verdade que reflexo, mais ação que REação, mais maturidade que vontade, mais paciência que vontade de ganhar o 'jogo', sem julgamentos cruéis e impensados, sem pretextos egoísticos, sem pose imperativa, sem arrogar-me ao discurso frívolo, direi a você o que me causou e que não! Não aceito isso. Não dormirei sob o manto da imposição, mando, despejo do seu deságuo. Se quiser continuar criativo, à vontade, desde que isso não me toque a dignidade.
Ah! Quem me dera fosse apenas o uso de um termo descuidado a razão de todo mal.
Amadureci e vi que não sou mais aquela moça teimosa, inconsequente, impulsiva, impaciente que cede à luta, que entra na dança, que prefere ao fogo do degladiar-se ao custo calma da reserva de si para conhecer suas próprias fraquezas e descobrir a própria força. Amadurei mesmo e percebi que já sei definir meus limites e com o coração e a mente em paz exigir-lhe o cumprimento.
Você não quis brigar, tendo brigado. Me silenciou para poupa-se, tão só. Me guardei e resumo pra você nessas palavras: Não quero disputa. Não quero jogo de bate e rebate. Não quero sua injustiça mascarada de suposta igualdade, não quero sua reação calculada à custa de truques supostamente criativos. Hoje eu sei quem sou e quem pretendo me tornar e enfrentar você nesse eterno jogo de placar inconstante e disputas exaustivas não faz parte disso. Vamos viver a vida em consonância àquilo que pregamos e cremos...A pergunta é: quer vir comigo ou contra mim? Porque o Sr. Márnio tinha mesmo razão, o nosso amor também vai mudar muito e se não guardarmos o respeito, o desejo gratuito de ver o outro feliz, o que nos restará, portanto?
Pesado isso tudo. Denso demais. Mexi no barro que mora ao fundo do lago e fiz subir à superfície para que vejamos, senão, reconheçamos pois a necessidade da limpeza, faxina, restauração.
Aí me lembrei da música do momento (aquela que escuto mil vezes por dia - Ai como sou musical) que diz assim: "Deixa. Deixa mesmo de ser importante. Vai deixando a gente pra outra hora e quando se der conta, já passou... Quando olhar pra trás já fui embora."
Não seria isso, evitado pelo exercício sincero e constante da paciência? Paciência pra falar, para ouvir, para conversar, mesmo que difícil seja... Paciência... Um casamento vive e viverá sem paixão, sem sexo, sem grana, sem teto, mas o que é do amor se não houver paciência? Não existe, oras... E concluo como comecei: Será possível um casamento revelar-se em meras desventuras em série? Ou no amor, quer dizer, no exercício incansável, inafastável, permanente da ' paciência'?

"Respira, vai.
Não pensa no revide agora não.
Não se ocupe de argumentar com tudo pra que não saia perdendo.
Por favor, não de desgaste agora montando seu discurso ou calculando o próximo passo.
Não se sinta por baixo, não se sinta menos, não se sinta subjugado, desrespeitado, não é bem por aí mas não consigo com as poucas palavras que conheço lhe dizer isso tudo...
Não se encha de justificativas que, ainda que palatáveis, eu sei, rebateriam meus sentimentos e essas baboseiras que escrevi.
Não se muna, eu imploro, com a arma que cega, emudece pelo orgulho... Escuta só.
Deixa... Volte ao início, lê de novo se preciso for, finge que nem sou eu quem disse e procure refletir, pensar e ver... Amanhã ou depois nos dedicaremos às suas queixas ao meu respeito (são tantas eu sei), vamos falar da sua ombridade em me suportar, da sua caridade em me ajudar, da sua paciência comigo e como você se revela mais príncipe do que sapo e por isso eu o amo, mas eu preciso ser seu espelho pra que reflita as mudanças, os caminhos, os erros e os acertos para que se modifique, se melhore, consciente quem realmente é. 
Me deixa pra outro dia e pense em si mesmo, não me peça silêncio, novamente.
Você me conhece bem e sabe que sou isso aqui, desse jeito, sem maquiagem, sem sorriso pra foto, sem legenda, sem rima. Sou fala, expressão, escrita. Sou a conversa, a confessa. Sou sem competir. Sou eu sua dizendo que ontem eu guardei tudo e confessei agora, aqui, que se permanecer guardado afasto de mim minha essência, minha verdade, meu brio, minha dignidade. Deixo de ser sendo o que não sou. 
Engano. Me engano e te engano.
Jurei a você fidelidade, lealdade, companheirismo a vida toda, e mesmo que ele se mostre ruim, às vezes, até aqui cumpro minha promessa e por isso me despi de tudo e disse-lhe o que se passa aqui dentro. Não sei nem se te importa, mas eu espero, sinceramente, que sim.
O que será fidelidade e lealdade senão ser pra você tudo o que eu gostaria de ser pra mim, sem máscaras, sem placar, sem postura, sem medo, sem compasso, sem silêncio. Estou apenas sendo eu pra você porque tudo o que eu mais quero é ver a sua melhor versão estreando nesse mundo afora.'

E vamos os dois cantar:
"Olha lá, quem acha que perder é ser menor na vida
Olha lá, quem sempre quer vitória 
E perde a glória de chorar
Eu que já não quero mais ser um vencedor
Levo a vida devagar
Pra não faltar amor"
(Um vencedor - Los Hermanos)