terça-feira

Foi por pouco...

O  ser humano vive mesmo pelos "poucos" que o traduz. Por ser pouco, se sentir pouco, fazer pouco...
Veja o exemplo: quem está solteiro busca um relacionamento por se sentir só, busca uma soma, um mais, busca o outro.
Pois bem! Ocorre que quando está com alguém, casa-se, acreditando ser mais dessa forma. Fatalmente se frustra ao ver que buscar ser mais pelo que o outro é, não supre, não corresponde, não basta. É pouco! Simples, não é.
E pelo "pouco" vamos vivendo...
Hoje, por pouco, não me sinto feliz; por pouco não sorrio, por pouco não vou dormir em paz. Digo por pouco em dois sentidos sintáticos diferentes que, coincidentemente ou não, expressam ambos, o que sinto e o que desejo dizer.Explico.
Por muito pouco, no sentido de quase, muito quase, hoje não é mais um dia tranquilo, sereno, em paz. Quase, muito quase, hoje não se torna mais um dia de brigas, tristezas, frustrações, máguas, amarguras e pensamentos bem ruins. Mas foi quase... e por que não? Por pouco... no sentido de pouca coisa, mais um patético motivo, desses que daqui a 10 ou 20 anos vamos sequer lembrar e consequentemente vamos pensar (no meu caso um dejavù) quão pouco, por tão pouco perdemos o muito, o grande, o belo, o eterno.
Entenda, não falo sobre grandes problemas, vultuosas ponderações, defeitos irremediáveis. E sim, essa é a pior parte da história.
Nesse mesmo quadro que lhes falo, estava no carro, já chorando, como boa e velha mulherzinha que sou, me colocando mais uma vez pra baixo, muito baixo. Senti-me como se eu pudesse olhar para o meu reflexo no espelho e dizer olhando nos meus olhos: " eu não consigo passar um dia da minha vida sem fracassar em algo". Hum... Pesado, não é? Mas foi bem sincero.
Pensei: " todos os dias eu fracasso como pessoa, como filha, como esposa ou em qualquer outro papel a que me preste...", mas especificamente, dado o contexto, continuei no meu particular mar de lamentações, " hoje, mais uma vez (o que torna bem repetitivo isso) fracassei como esposa pra ele. Mais uma vez um dormir sem um 'boa noite', um 'bom dia' sem um 'eu te amo', um 'oi' cheio de 'tchau', um casamento com pouco, por pouco, sou pouco demais! Não sou o que ele merece, muito menos o que ele precisa. Vou viver minha vida inteira tentando e buscando ser mais, ser melhor, ser diferente do que eu sou pra completar, suprir, alegrar, ver aquele sorriso, aquele semblante calmo, alegre, apaixonado... (isso vai dar um outro texto, em breve)
E comecei a rezar. Sim, como todo mundo, não sou diferente, na hora do aperto, da tristeza, rezei. E me veio uma onda de tranquilidade em meio aquele chororo e refleti: "Não sou uma pessoa ruim, não fracasso em tudo ou sempre. Sou leal, sou fiel, sou honesta, sou sincera, sou companheira e só isso aí já é muito mais que muitos homens vão ter na vida inteira! Não posso me sentir assim, tão pouco, tantas vezes...
E dái surgiu a ideia do texto de hoje... Sobre como nós nos enrolamos, prejudicamos, julgamos, sofremos, maltratamos e subjugamos por pouco. Muito pouco.
Usando uma metáfora bem típica dos meus dias ruins, é como se estivéssemos fazendo uma grande escultura no gelo. Daquelas bem detalhadas, difíceis porém de beleza inigualável, o que nos faz ir longe por isso, trabalhando duro. E aí, sem muitos motivos plausíveis, ou melhor, por POUCO, uma caldeira de água fervendo se deságua sobre a escultura, a levando a nada. Por nada!
É, nessa metáfora, a escultura de gelo é o casamento, a relação, a reciprocidade, a amizade, o respeito, o carinho, o tesão, a paixão, o amor... Construído com dedicação, esforço, perdão... E a água fervendo representa a dimensão do patético motivo que destrói tudo isso: o pouco.
Mas vale uma curta, singela e verdadeira lição que ouvi, ainda hoje, pra "não dizer que não falei das flores", escutei, não sei quem disse, que um casamento não é feito de muitas qualidades, muito menos de poucos defeitos, mas sim sim dois bons perdoadores. Mais pura, sincera, profunda e irremediável verdade.
Por fim, ainda em prantos, imaginei que se eu pudesse, como que por um milagre, juntar toda essa angustia de hoje que avassala meu coração, e entregar no colo do Cristo (eu sei que parece 'pouco' pra incomodar o Cristo e que eu teria muuuuuito mais coisas pra entregar-lhe nas mãos) o que Ele me diria? Como ele acalmaria meus anseios e angustias?
... É claro que se eu tivesse tido uma resposta não estaria aqui escrevendo! rs.. Mas dentre as milhares possíveis respostas, creio que ele me diria, pra respirar fundo. Ter paciência com a transitoriedade da dor, ter resignação para viver o dia de amanhã, ter fé na necessidade das provas e confiança no aprendizado que posso tirar disso e, principalmente, pude quase ouvi-Lo me dizer: Não sofra assim, por tão pouco.
É... me senti forte, melhor, mais calma. Quis chegar em casa e falar com ele sobre isso tudo pois me pareceu de grande valia toda essa ponderação e tudo mais... Quis lhe dizer pra que pudesse me conhecer mais e saber o que se passa aqui dentro. Quis que ele soubesse que 'por pouco' podemos perder o muito que nos aguarda e sem querer ouvir nada em troca, sequer resposta ou elucidações pertinentes, levantei-me com um certeza dilacerante: por tão pouco quem muito de ama se faz tão mal.

sexta-feira

Manifesto politicamente correto

Manifesto patético quando não se tem um ideal... Gritar "ei Dilma vai tomar no c*" não traduz, por si só um ideal, objetivo, tão pouco faz disso uma manifestação legítima. Mas sim, amanhã estarei no eixo monumental, não pra ver a Dilma passar, mas para, vestindo o luto, mostrar pra quem quiser ver que estou de luto pelo Brasil, e luto por ele com as poucas armas legítimas que ainda podemos lançar mão: a livre manifestação do pensamento, gritando, sem ofensas ou pouca educação: Chega, Dilma, de corrupção!! Eu não aguento mais! Posso ser minoria, posso ser julgada como coxinha ou burguesA, mas posso também não engolir tamanha baixaria praticada por qualquer um, de qualquer partido ou convicção política que julgue me representar... A Globo vai omitir meu ideal,
A Veja vai deturpá-lo, o Correio Brasiliense vai ridicularizá-lo, e como o verdadeiro juiz do brasileiro é essa mídia pífia, deveria me recolher em casa, calada. Mas vou ate lá pra minha consciência cantar pra mim: "aquele garoto que iria mudar o mundo, (não) assiste a tudo de cima do muro".

O que acontece com o amor, Martha?


O amor não acaba, nós é que mudamos

Um homem e uma mulher vivem uma intensa relação de amor, e depois de alguns anos se separam, cada um vai em busca do próprio caminho, saem do raio de visão um do outro. Que fim levou aquele sentimento? O amor realmente acaba?

O que acaba são algumas de nossas expectativas e desejos, que são subtituídos por outros no decorrer da vida. As pessoas não mudam na sua essência, mas mudam muito de sonhos, mudam de pontos de vista e de necessidades, principalmente de necessidades. O amor costuma ser amoldado à nossa carência de envolvimento afetivo, porém essa carência não é estática, ela se modifica à medida que vamos tendo novas experiências, à medida que vamos aprendendo com as dores, com os remorsos e com nossos erros todos. O amor se mantém o mesmo apenas para aqueles que se mantém os mesmos.

Se nada muda dentro de você, o amor que você sente, ou que você sofre, também não muda. Amores eternos só existem para dois grupos de pessoas. O primeiro é formado por aqueles que se recusam a experimentar a vida, para aqueles que não querem investigar mais nada sobre si mesmo, estão contentes com o que estabeleceram como verdade numa determinada época e seguem com esta verdade até os 120 anos. O outro grupo é o dos sortudos: aqueles que amam alguém, e mesmo tendo evoluído com o tempo, descobrem que o parceiro também evoluiu, e essa evolução se deu com a mesma intensidade e seguiu na mesma direção. Sendo assim, conseguem renovar o amor, pois a renovação particular de cada um foi tão parecida que não gerou conflito.

O amor não acaba. O amor apenas sai do centro das nossas atenções. O tempo desenvolve nossas defesas, nos oferece outras possibilidades e a gente avança porque é da natureza humana avançar. Não é o sentimento que se esgota, somos nós que ficamos esgotados de sofrer, ou esgotados de esperar, ou esgotados da mesmice. Paixão termina, amor não. Amor é aquilo que a gente deixa ocupar todos os nossos espaços, enquanto for bem-vindo, e que transferimos para o quartinho dos fundos quando não funciona mais, mas que nunca expulsamos definitivamente de casa.
Autor: Martha Medeiros

Arnaldo e sua coerência


Quem não dá assistência, abre concorrência

Você homem da atualidade, vem se surpreendendo diuturnamente com o "nível" intelectual, cultural e, principalmente, "liberal" de sua mulher, namorada e etc.

Às vezes sequer sabe como agir, e lá no fundinho tem aquele medo de ser traído - ou nos termos usuais: "corneado". Saiba de uma coisa... esse risco é iminente, a probabilidade disso acontecer é muito grande, e só cabe a você, e a ninguém mais evitar que isso aconteça ou, então, assumir seu "chifre" em alto e bom som.

Você deve estar perguntando porque eu gastaria meu precioso tempo falando sobre isso. Entretanto, a aflição masculina diante da traição vem me chamando a atenção já há tempos.

Mas o que seria uma "mulher moderna"?

A princípio seria aquela que se ama acima de tudo, que não perde (e nem tem) tempo com/para futilidades, é aquela que trabalha porque acha que o trabalho engrandece, que é independente sentimentalmente dos outros, que é corajosa, companheira, confidente, amante...

É aquela que às vezes tem uma crise súbita de ciúmes mas que não tem vergonha nenhuma em admitir que está errada e correr pros seus braços...

É aquela que consegue ao mesmo tempo ser forte e meiga, desarrumada e linda...

Enfim, a mulher moderna é aquela que não tem medo de nada nem de ninguém, olha a vida de frente, fala o que pensa e o que sente, doa a quem doer...

Assim, após um processo "investigatório" junto a essas "mulheres modernas" pude constatar o pior:

VOCÊ SERÁ (OU É???) "corno", a menos que:

- Nunca deixe uma "mulher moderna" insegura. Antigamente elas choravam. Hoje, elas simplesmente traem, sem dó nem piedade.

- Não ache que ela tem poderes "adivinhatórios". Ela tem de saber - da sua boca - o quanto você gosta dela. Qualquer dúvida neste sentido poderá levar às conseqüências expostas acima.

- Não ache que é normal sair com os amigos (seja pra beber, pra jogar futebol...) mais do que duas vezes por semana, três vezes então é assinar atestado de "chifrudo". As "mulheres modernas" dificilmente andam implicando com isso, entretanto elas são categoricamente "cheias de amor pra dar" e precisam da "presença masculina". Se não for a sua meu amigo... bem...

- Quando disser que vai ligar, ligue, senão o risco dela ligar pra aquele ex bom de cama é grandessíssimo.

- Satisfaça-a sexualmente. Mas não finja satisfazê-la. As "mulheres modernas" têm um pique absurdo com relação ao sexo e, principalmente dos 20 aos 38 anos, elas pensam em - e querem - fazer sexo todos os dias (pasmem, mas é a pura verdade)...bom, nem precisa dizer que se não for com você...

- Lhe dê atenção. Mas principalmente faça com que ela perceba isso. Garanhões mau (ou bem) intencionados sempre existem, e estes quando querem são peritos em levar uma mulher às nuvens. Então, leve-a você, afinal, ela é sua ou não é????

Nem pense em provocar "ciuminhos" vãos. Como pude constatar, mulher insegura é uma máquina colocadora de chifres.

- Em hipótese alguma deixe-a desconfiar do fato de você estar saindo com outra. Essa mera suposição da parte delas dá ensejo ao um "chifre" tão estrondoso que quando você acordar, meu amigo, já existirá alguém MUITO MAIS "comedor" do que você...só que o prato principal, bem...dessa vez é a SUA mulher.

Sabe aquele bonitão que, você sabe, sairia com a sua mulher a qualquer hora. Bem... de repente a recíproca também pode ser verdadeira. Basta ela, só por um segundo, achar que você merece...Quando você reparar... já foi.

- Tente estar menos "cansado". A "mulher moderna" também trabalhou o dia inteiro e, provavelmente, ainda tem fôlego para - como diziam os homens de antigamente - "dar uma", para depois, virar pro lado e simplesmente dormir.

- Volte a fazer coisas do começo da relação. Se quando começaram a sair viviam se cruzando em "baladas", "se pegando" em lugares inusitados, trocavam e-mails ou telefonemas picantes, a chance dela gostar disso é muito grande, e a de sentir falta disso então é imensa. A "mulher moderna" não pode sentir falta dessas coisas...senão...

Bem amigos, aplica-se, finalmente, o tão famoso jargão "quem não dá assistência, abre concorrência".

Deste modo, se você está ao lado de uma mulher de quem realmente gosta e tem plena consciência de que, atualmente o mercado não está pra peixe (falemos de qualidade), pense bem antes de dar alguma dessas "mancadas"... proteja-a, ame-a, e, principalmente, faça-a saber disso.

Ela vai pensar milhões de vezes antes de dar bola pra aquele "bonitão" que vive enchendo-a de olhares... e vai continuar, sem dúvidas, olhando só pra você!

Autor: Arnaldo Jabor

O pra sempre que nunca pra sempre é


O pra sempre, sempre acaba...

Nosso maior erro está em achar que nossos relacionamentos serão “para sempre”. Acreditamos demais, nos decepcionamos demais... Logo, o que mais nos frustra são os sonhos que acabam ficando para trás, as promessas que nunca se cumprirão, os momentos que nunca mais irão se repetir. O abraço forte da depedida, o sorriso e o brilho nos olhos da chegada... O chocolate dividido na rodoviária pouco antes de um embarque... A roupa suja de terra depois de brincar de se jogar na grama.

E você vê desabar os sonhos, desde os mais simples como colar estrelinhas brilhantes no teto, até aquela viagem onde tenha neve e se possa ficar abraçadinho pra passar o frio. E você sofre ao ter que arrancar a força, contra sua própria vontade, as fotos do mural que aos poucos vai ficando vazio, a foto do porta-retrato que você olhava todos os dias quando acordava... O vazio ultrapassa nosso interior e toma conta de tudo a nossa volta.

E não há mais sentido em passar os dias riscando o calendário, nem em passar as noites vendo a lua... Você sabe que o telefone não vai tocar, ou melhor dizendo, cada vez que ele toca é um susto, uma esperança que se interrompe no segundo seguinte ao ouvir “Alô”...

É não é fácil pra ninguém... partidas provisórias machucam, partidas definitivas nunca cicatrizam. E não há tempo que cure, qualquer grão de areia que toque a ferida traz a tona toda a dor do início. E não há distância que cure, porque os pensamentos e lembranças vivem voando por todos os lugares, entrando em nossa mente sem nossa permissão, não importa aonde estamos. Nesse momento, os sonhos podem adormecer por um bom tempo, e talvez demorem muito para acordar. Só devo fazer o possível para que eles não morram de vez. E tomara que a dor também não seja para sempre...
Autor: Karina Perussi Pinceta

Descobri que com o tempo e as milhares de experiências e crises da nossa subjetividade privatizada, vamos perdendo o sentido de ser, e ganhando sentido por ter... 
Errado!
O dia-a-dia, as relações e os nossos momentos de silêncio são vitimas de reações por vezes automáticas, onde vamos deixando de ser e de agir como realmente seriamos em outras circunstancias. Não sei se estou conseguindo explicar porque isso tudo se resume a um punhado de conclusões (transitórias) de observações e vivencias, e esqueço quais foram os caminhos que tomei pra chegar ate aqui, portanto, explicar é difícil.
Eu me tornei uma pessoa ruim, que faz coisas ruins, que fala coisas que machucam, que briga sempre, que chora sempre, que reclama sempre e mais mil coisas que não vale a pena elencar, isso tudo, com a pessoa que mais amo na vida. E isso é recíproco. E então fiquei me perguntando "por que", e descobri que essas são apenas conseqüências de 1000 e poucos dias de pequenos e grandes problemas não resolvidos, não esclarecidos, e que hoje deterioram o sentimento mais puro que já senti.
Choro sem parar escrevendo sobre isso, e vou chorar sempre que me lembrar do rumo que as coisas tomaram, porque de fato nós NÃO somos assim, nós nos tornamos, um com outro, apenas.
Amanha, quando estivermos despreocupados e encontrarmos outros amores tudo vai ser diferente, e é isso que me mata, é saber que eu não sou tão ruim assim, muito pelo contrario que posso ser uma pessoa agradável com a qual alguém queira estar. Ele vai ser novamente uma pessoa querida, e vai mimar muito ela, vai ser carinhoso e tratá-la como uma flor, com educação, com amor, assim como também vai ter paciência, esperança e perdão em seu coração; e as coisas vão fluir normalmente. Ela vai ter tudo o que eu queria hoje, mas não tenho mais. E eu vou ser também aquela pessoa por quem ele se apaixonou um dia, não esse monstro do qual ele evita falar, ver e amar, (com razão).
É, estou sendo pessimista mesmo. Confesso. Esse é o tipo de coisa que ele leria uma frase e ia querer me evitar pra sempre... hehe
Mas esse blog é um lugar pra eu desabafar mesmo, escrever o que estou sentindo, e como só escrevo quando estou triste, se tem alguém ai querendo se suicidar não leia esse blog!
Ah! Droga de egoísmo.

E amanhã?

Há algum tempo atrás, enquanto eu ainda era coerente com meus reais pensamentos e sentimentos,  e escrevia sobre eles e todo o resto, lembro-me de ter dito algo como: "penso que tenho estudado muito..." ou então "está ficando complicado com o tanto de coisa pra fazer e estudar ao mesmo tempo...". Inocente! Mal sabia o que estava por vir...
Venho chegando perto do fim, fim de uma era, uma jornada, uma "época", tempos que demoram pra passar ao tempo que passam voando. Dias e noites em que nos desdobramos sobre um ideal, ideal este que faz com que nos apaixonemos para que assim, sigamos em frente.
Ultrapassar essa etapa tem me trazido de presente um frio na barriga, um "sei lá o que". Medo? Talvez... É como se contássemos sempre com o que fazer amanhã e em algum momento o amanhã volta a pertencer ao acaso.

Matriarca


A cor da mulher.
As marcas do tempo.
O peso da experiência.
A sutileza de carregar tudo isso misturado no peito...

Barcelona!


 de quando éramos namorados... sobre a leveza de estar junto, sobre o carinho da paixão, sobre a importância da simplicidade... sobre ser jovem.

Ontem

Alguns dias faltando para a prova da OAB e, dentre muita dedicação e esforço mental, principalmente, me peguei refletindo sobre tudo o que vi e vivi até aqui nessa jornada intrigante, azeda, doída e maravilhosamente satisfatória que é a graduação acadêmica.
Já escrevi aqui, eu acho, sobre o fato de que eu não escolhi o curso de Direito, foi ele que me acertou em cheio e veja... Foi uma das melhores coisas que aconteceram em minha vida!
Quando descobri essa ciência, me descobri também... Ela deu voz a um grito silencioso que havia no meu coração.
"Louca!"
"Você não acha melhor escolher um curso mais fácil?"
"Jura? Fernanda? Direito?"
"Ela não vai conseguir..."
Essas foram algumas das coisas que escutei, e por essas e outras os caminhos que trilhei ao longo desses anos, as noites sem dormir, os sábados e domingos debruçada sobre livros ou enfurnada em alguma biblioteca por aí, me trouxeram uma vitória, uma conquista que faz valer a máxima de que quanto mais nos sentimos pressionados, quanto mais dificuldades passamos e quanto mais nos é exigido, maior é o nosso aprendizado e proporcionalmente será nossa alegria de ter conseguido chegar até o fim.

Os dias que não gostaria de registrar

Vida louca, quão louca é essa vida... Dias que sim, dias que não. Natural. Normal. Faz parte... Sorrisos, sexo, amigos, vinho, pizza, cartinha de amor, surpresa, pôr do sol, bons livros, esmalte vermelho, mãe, “te amo” antes de dormir... Mas há outros que definitivamente não merecem ser registrados, embora fatalmente sejam vividos até o fim. Dias em que nosso coração aperta, lágrimas, nariz entopido, dor de cabeça, fome, cara emburrada, distância, falta, ausência, palavras que cortam feito faca, dor, vontade de sair sei lá pra onde, desejo de não voltar, o “querer” mudar-sair-gritar-chorar...
Em tempos de facebook, cremos que a vida das pessoas são feitas sempre de dias felizes: aquele dia na praia, em Praga, no bar, na casa dos primos vendo filme e comendo pipoca, na piscina da casa do pai, no parque correndo, nos melhores restaurantes da cidade... Claro! Ninguém quer ou registra aquele dia em que o chefe está mal humorado, aquela briga com o marido desde cedo, aquela preguiça de ir à academia, a comida em um self service qualquer... Ninguém registra os dias de cólica, de amores não resolvidos, do sexo não feito, a falta de dinheiro... Mas esses dias são tão mais comuns em nossas vidas que não registrá-los parece-me um passo no caminho da ilusão, da fantasia, da irrealidade. Explico. Não quero dizer que devemos publicar para todo mundo assistir a nossa “nada mole” vida, sei bem que no fundo gostamos que pensem que pra nós as coisas não estão tão difíceis e que sorrimos mais do que choramos. É mesmo bom que ninguém saiba das nossas lutas diárias e como damos um duro danado pra ajeitar as coisas ao nosso redor e que de “mole”, nossa vida não tem nada.
Aí ontem, recebi a carteira da OAB e fato, foi uma emoção maravilhosa, sensação de dever cumprido, de conquista, de ter uma profissão pra chamar de minha, de ter nadado, nadado e ter chegado à praia, cansada, sem saber o que fazer agora ou mesmo por onde começar, com medo, insegurança, desempregada... Mas a foto não diz isso. A foto mostra um sorriso estampado no rosto e um lista enorme de “parabéns”, deixando transparecer apenas o lado bom da vida. Isso representa um registro de um dia bom. Ou ao menos é o que parece. Só parece. Porque ninguém sabe o que passou pela minha cabeça durante todo aquele dia... Ninguém sabe da minha angustia por ter vendido meu carro e não ter como ir na cerimônia de entrega, ninguém sabe o quanto fiquei triste por pensar que meu marido não estaria presente, ninguém sabe que enquanto saia do prédio, com a carteirinha na mão e olhando pro meu numero glorioso de inscrição na ordem pensei: “e agora??”.
A gente não mostra o nosso lado ruim, nosso lado triste, nosso lado inseguro e medroso. Ainda bem! Afinal, seria um saco viver dando de cara com a face oculta e sombria de cada um que nos rodeia. Mais saco ainda, ter que nos lembrar todos os dias que apesar dos sorrisos nas fotos, dos lugares incríveis para os quais viajamos, os restaurantes maravilhosos que conhecemos, existe dentro de cada um de nós, na vida de todos, sentimentos, pensamentos e lagrimas que ocultamos pra não assustar ninguém... e dias... Ah esses dias... Que não gostaríamos de registrar.
Contudo, como de costume, é bem essa tristeza velada que me inspira, que me move pra cá, para um desabafo sem ouvinte, lamento sem som, frustração sem holofotes, choro sem plateia... Bem do meu jeito, escondido, calado, guardado só pra mim, porque ninguém vai entender o universo de sentimentos e sensações que se passam aqui dentro, ninguém quer ouvir sem falar, ninguém que ser criticado sem se justificar, ninguém quer saber só pra ajudar, ninguém fica sabendo sem julgar, ninguém vai te ver nos seus piores dias e com todo pessimismo que tem direito sem lançar um discurso: “onde esta o lado bom da situação?!” embebedado de intenção de te fazer parar, estancar, calar a tristeza, o choro, o  seu lado feio e seus dias ruins. E por isso guardo, guardo de novo, em um lugar pra ninguém ver e com isso não julgar, criticar, justificar, e me encher o saco com um lado bom que as vezes eu simplesmente não consigo ver.

Prefiro que vejam fotos sorridentes de quando, passei na OAB, colei grau com honrarias, peguei a carteira profissional, recebi flores do marido, um abraço de uma amiga, assiti um belo pôr do sol, e pensem por um instante que as coisa vão bem por aqui... Porque na verdade, ninguém precisa saber que quando passei na OAB estava com os dedos feridos de tanto escrever; quando colei grau estava com as costas destruídas depois de passar semanas pintando a casa, quando peguei a carteira estava profundamente preocupada com o que eu trabalharia a partir de então; que tenho muito mais difíceis no casamento que recebo flores, e que por trás daquele pôr do sol da foto, estava eu com lágrimas nos olhos, escondendo dias ruins que não merecem ser registrados, mas nem por isso deixam de existir.

É que existem coisas que não devem ser ditas...

[...] Mas dizemos, a todo instante, pouco preocupados com o quanto podemos dilacerar alguém com isso. Assim nos tornamos mais egoístas que supomos, sobrepondo o nosso desejo ávido de falar, cuspir, despejar nossas verdades pouco verdadeiras, nossas angustias não resolvidas, nossos medos covardes e nossas palavras cruéis,
Fazemos isso o tempo todo, porém o que me parece mais injusto é que na maior parte das vezes, os alvos são aqueles que mais amamos, os que estão mais próximo de nós, mesmo sabendo que machuca tanto.
Ainda temos muito o que aprender, pois na arte de nos tornarmos pessoas melhores, mais caridosas, mais gentis e benevolentes, reprovamos na etapa “família”, por isso mesmo reencarnamos bem próximos talvez, pra termos essa chance renovada a cada dia...

Nem perca tempo lendo isso, volte para os memes do facebook!

Estamos vivendo momentos de crise, a primeira real crise no país desde que reencarnei. Venho vendo a minha pátria amada Brasil, ser palco da patética política que os eleitos praticam, já escrevi sobre isso, inclusive, sobre a sede de mudança e irremediável torniquete na chaga da corrupção e luxuria dos poderosos e poderosas que corrompem seus papeis e cruelmente dilaceram nossa tão sonhada e utópica democracia.
Os escândalos parecem não ter mais fim. Chega a ser assustador, mas ninguém mais teme a mídia, a polícia, a promotoria ou a justiça, fazendo com que as denúncias pareçam anúncios de supermercados na TV, passa toda hora, mas ninguém vê!
Confesso que, nesse mesmo cenário, tenho me poupado de pensamentos dedicados na busca por soluções, ou esperanças que há muito eu mesma pregava. Tenho me distanciado das declarações vãs de repórteres que, indignados e com muita razão, apelam ao vivo na tentativa frustrada de acordar a população que parece imersa em um universo paralelo onde os problemas são sutilmente remediáveis sem muito espanto. Me pergunto: Estou ficando louca e estupefata com tudo isso, ou meus contemporâneos estão se fazendo Alice no país das ‘maravilhas’? Será possível tanta omissão? Ainda vejo alguns na defesa dos nossos algozes com cartazes ultrapassados e infantis sobre burguesia e proletário. Pára né...  Não se trata de crise entre classes sociais e essa mediocridade de pensamento já deu!
Mas sobre a crise de HOJE... Não me manifesto tanto assim nas redes sociais, porque qualquer revolta nas estantes do facebook se mostram quase tão narcisistas quanto ´selfies´ publicadas com frases de auto ajuda. Preguiça.
Mas queria registrar que em meio a sentimentos (isso, sentimentos mesmo) de desespero, desamparo, revolta e tristeza, imensa tristeza de ver pessoas tão cruciais pro desenvolvimento do nosso país, responsáveis pelo cuidado e zelo de 200 milhões de pessoas, imersos na sujeira e lutando apenas para sair dela, deixando todos os outros, na merda, se afogar.
Mas o mais frustrante e dilacerante pra mim, é a imagem de uma louca, arrogante, pútrida, mentirosa e completamente ignorante e autoritária rasgar a Constituição, cidadã (alguns arriscam) que instituiu todos os princípios que nós, brasileiros, acreditávamos nos proteger. Essa suposta proteção foi simplesmente desconsiderada, TODOS os princípios que estava meio ao caminho de encher bolsos e bolsos à custa de esvaziar o do trabalhador, são diariamente pisoteados...

Insegurança jurídica. Foi assim que aprendi nos bancos da universidade. Insegurança jurídica... devendo esta ser evitada a todo custo, sob pena de colocar em cheque a democracia e seus tentáculos basilares e essencialmente fundamentais.

Preceitos fundamentais. Normas de cunho principiológico que sustentam o Estado, a República, e garantem aos cidadãos o mínimo de direitos e garantias aliados aos deveres.

Direitos? Onde? Apenas quando convém ao Poder, e não ao povo.

Garantias? Pra quem? Pra mim não é, nem pra você, tão pouco pra todos os demais, reles mortais, trabalhadores, contribuintes, escravos do autoritarismo e distorcida democracia fétida a qual estamos imersos hoje. Democracia com tom de demagogia ou demagogia com máscara de democracia. Máscaras... antes usadas. Hoje, todas no chão, dívidas na mesa, e a conta em nossas mãos... Contas que tiram da nossa geladeira o alimento da família, mas hoje, como medida inevitável, eu bem sei, me revolta apenas por não estar sendo cobrada de quem realmente deve pagar.
Pagamento. Tributos injustos. Dívidas corruptas. Anistias políticas. Princípios mais uma vez enterrados a sete palmos do chão ao fazer o pobre, o funcionário, o povo pagar tributos sob o peso do próprio alimento, vendo reduzido seu poder de compra por uma inflação covarde advinda de péssima administração pública e políticas econômicas confiantes e baseadas em um piada chamada “pedaladas fiscais”.
Aprendi.. Aprendi que o efeito dos tributos de modo regressivo é contrário ao princípio da capacidade contributiva, e isso está na Constituição Federal.
Aprendi que esta mesma Constituição Federal como Lei Maior, imprescinde de observância no trato de qualquer conduta de quem esteja no exercício de cargos da Administração Pública...
Aprendi que a corrupção é crime e deve ser punido. (?! – não apenas julgado pra “brasileiro ver”).
Aprendi que essa corja toda deveria estar sendo processada por crimes GRAVÍSSIMOS de responsabilidade, corrupção, formação de quadrilha, crimes contra a administração!
Aprendi que o Estado está sobre 3 poderes, não vinculados mas harmoniosos entre si, e não deveriam lançar mão de decretos executivos, legislativos, leis que ofendem TOTALMENTE o processo legislativo pra livrarem a própria cara da responsabilidade pelas atrocidades cometidas com o patrimônio e recursos públicos.
Aprendi... Aprendi que nenhuma Lei é maior que o caráter do povo, e este, quando completamente deturpado e sendento pelo próprio poder, faz com que nenhuma Lei possa socorrer o povo. Lei pra tudo, lei de nada, pra ninguém, ou para o pobre, sem advogado, sem condição de comprar a corte julgadora, este sim, vê o peso da caneta, vê o mal funcionamento da máquina administrativa, vê o falido sistema penitenciário, judiciário e a suposta Lei de execuções penais que assegura diversos “direitos e garantias” minimamente humanas, jogada no imenso mar do esquecimento, do pouco caso, descaso, sob pretexto da reserva do possível. Como eu disse... Princípios e leis só são utilizados quando convém a quem os aplica!

É... pelo visto, “ninguém respeita a Constituição, mas todos acreditam no futuro da nação”.

segunda-feira

O saudosismo do fim. Fim?


Há arrastados dias atrás (muito dias, aliás), cá estava, sedenta de conhecimento, ansiosa para trilhar um caminho que sequer sabia onde me levaria... Caminho longo. Longos dias...
Falar da jornada que trilhei só não pode ser mais cansativo que a trilha em si e suas teimosas pedras a calejar-me e, por isso mesmo, não quero fazer uma 'retrospectiva' detalhada de quem eu era quando escrevia sobre a inesperada aprovação no vestibular para o curso de Direito e advogada, forte advogada que vim a me tornar. Quem sabe assim, discorro sobre algumas batalhas que travei comigo mesma e com aqueles que tentaram me parar, vejamos se conto alguns episódios épicos que, ao final, revelem um pouco do que sobrou da pequena menina, agora mulher.

O desejo que impulsiona um acadêmico em Direito, muitas vezes transcende a busca por uma profissão. É claro que ainda existem aqueles de brilhantes olhos pelo dinheiro, os filhos dos já Doutores e os que, por acidente acabam nas salas de aula de uma das cadeiras mais fantásticas do ensino universitário. Mas como eu ia dizendo, muitos, e aí me atrevo a me incluir, estão aqueles que vislumbram nas ciências jurídicas um meio para servir a sociedade, submeter o todo à um mínimo de ordem, levar justiça onde se atropelam o direito, defesa aos que carecem de oportunidade, ataque aos que buscam um voz no Tribunal, dialética aqueles que se sentem calados pelo sistema, pelo esperto, pela empresa malandra, pelo acidente injusto, pela ofensa desmedida, pela falta do alimento ou simplesmente aquele que se vê esquecido no meio da multidão, desacreditado que todos os utópicos direitos garantidos pela Constituição, se releguem a um pragmatismo capitalista que há muito se mostra incontrolável. É, existem aqueles que estudam, se desdobram e se tornam instrumentos para planejamento e assessoria de grandes empresários, conferindo eficiência aos seus caixas, e isso não é errado... Existem aqueles sim, que vão lançar mão disso tudo para servir à margem da ética e da moral, esquecendo os princípios basilares do operador do Direito que cinge-se à luta pela justiça, interpretando-a a seu bel prazer ainda que em detrimento do próprio Direito.
De fato aprendi que existem sempre 3 verdades: a minha, a sua e verdade em si, e enquanto isso vamos brincando de "conhecedores" dessa verdade conforme a demanda, certo? Aiai...

Sentei por aqui e escrevi sobre o Direito com um olhar tão ingênuo e limitado que hoje, ao tê-lo um pouco mais desvendado, expandido e ligeiramente compreendido, digo que tudo o que sei... é que nada sei. É sério isso! Não quero só brincar de parafrasear, eu realmente me sinto um grão de areia em um mar de conhecimento, ainda muito cru, que precisa ser desbravado demais ainda...
Veja bem, meu bem, como vou dizer pra você o quanto o Direito me modificou se agora mesmo é que começo a me ver com os olhos de quem questiona, impugna, relata, defende e acusa, simultaneamente?
O que posso dizer é que não sou quem eu pensava que era, e nem sei ainda qual vai ser o resultado disso pois a única certeza que ainda tenho é que ainda sou uma "metamorfose ambulante" que tem agora uma meta, um objetivo, um ideal, um sonho, um longo caminho pra trilhar...
Olho pra trás e vejo muito esforço, algumas contradições, muitas mudanças de opiniões, conhecimento a flor da pele, sede, muita sede de justiça, um ideal cheio de vida, natural àqueles que iniciam carreira, e olhos brilhantes por ter descoberto, muito além de um ofício, uma vocação... Muito além de uma profissão, um prazer, mais que um diploma em mãos, a honra por vestir essa toga negra e falar pra ser ouvida, mesmo que isso mude uma percentagem quase que imperceptível a vida das pessoas, fazendo do Direito o instrumento mais justo e digno pra se encontrar aquilo que mais se aproxima da verdade.
E por mais que o dia de hoje represente um termo, é também uma 'vírgula' na vida, onde tomamos impulso e continuamos no mesmo verso, porque a formatura pode ser um ponto final, mas é também o meu ponto de partida.
Levo no peito as lembranças doces das pessoas, ah! Como são lindas as pessoas que conheci...
Levo o amor no coração pelos Mestres, fantásticos e inspiradores professores, que tive a honrar de prestigiar...
Guardo a necessidade do estudo constante, da busca, da humildade, do silêncio quando não compreendo, do benefício da dúvida quando pressinto, e do grito alto quando tenho a convicção de algo. Porque aprendi que não basta saber o que falar, é preciso saber quando, onde e se realmente fará a diferença, bem como aprendi que falar pra idiotas é um tremenda perda de tempo.
Hum... Vamos falar sobre o que aprendi? Um pouco, claro! Ou quase nada...

É... Aprendi que é fantástico estar munido de conhecimento e que o argumento é a mais letal arma, pois o ser intelectual demonstra humanidade e inteligência, e isso divido os meninos dos homens... Ah, e que o tom do que se fala não tem tanta importância quando se sabe o que tem que dizer.

Aprendi que esse mesmo argumento, ao passo que se mostra um instrumento pacífico de solução de litígios, pode ser tão pérfuro-contundente quanto uma tesoura, e isso pode ser bem perigoso e nos faz totalmente responsáveis pelos resultados. Aprendi que devemos prever os resultados e, logo, manusear o argumento (a língua) de forma precavida e cuidadosa para o tiro não sair pela culatra.

Aprendi que tudo que é mais difícil é melhor... Desculpa, mas é verdade. Passar em um prova sem estudar pode ser legal e demonstra sua habilidade de driblar a sorte, a vida, o examinador e você mesmo, mas passar por ter estudado pra cacete tem gosto do vinho mais doce e harmonioso do sul da França... Por que você não precisou de sorte, só provou que é mais que a habilidade de driblar, tem a habilidade do saber, e isso, meu caro, não tem preço.

Aprendi que por mais cansativo que seja ter um terceiro e quarto turno no meu dia, após um cansativo dia de trabalho, problemas em casa, família problemática e várias crises existenciais, o prazer de aprender e estudar o que se ama supera o cansaço e funciona como mola propulsora, empurrando pra frente... Houveram meses que enlouqueci e fazia faculdade em dois turnos e trabalhava 8 horas no meio disso... Sei que a matemática não bate e nem eu sei como foi que consegui, mas ao final de tudo, ir a aula e ouvir sobre crimes contra dignidade sexual, o direitos reais, contratos, lançamento do crédito tributário, prescrição intercorrente e etc. me motivava e me aquecia, não me deixando esquecer de quão mágico era aquilo tudo na minha mente. Aprendi que escolhi o caminho certo e isso foi meu combustível. Aprendi que quando temos o combustível certo, cacth on fire!

Aprendi que aqueles que estão ao nosso lado provam seu amor por nós quando os surpreendendo terminando o jantar à meia-noite, aguardando nossa chegada em casa, com um sorriso lindo no rosto, que nos conforta, nos acolhe, nos abraça e nos dá força para repetirmos todo esse ritual amanhã. Aprendi a valorizar isso.

Aprendi que finais de semana não existem para ficarmos de pernas pro ar. Existem para colocarmos a leitura em dia e eles são uma benção no final do semestre hehehe... Os finais de semana gastamos com o que gostamos de fazer, e aprendi que gosto de aprender quanto descobri que estudava sem ter provas, redigia uma peça sem ter prazo, lia Herberman só pra confundir minha cabeça e depois sentir o 'plin-plin' ao compreender algo do que ele dizia. Me peguei filosofando jurídicamente. Faz ideia de como isso pode ser assustador?

Aprendi que gosto de ensinar. 'Ensinar? Mas você acabou de dizer que não sabe de nada..."
Sei disso. Mas o pouco que sei, gosto de ensinar... E foi assim que pude ajudar tantas pessoas durante esse tempo... Ah! Se me fosse dada a oportunidade de aprender mais para ensinar mais também...

Aprendi que o ego é nosso maior inimigo... E que inimigos não são bobagens.

Aprendi que a noite é uma criança teimosa que gosta muito de Direito Tributário! Oh!!! Foi ela que me fez passar na OAB! ;)

Aprendi que quando alguém que amamos sente orgulho de nós, de quem nos tornamos, no nosso papel social é muito, muito melhor que o orgulho que sentimos de nós mesmo, porque a maioria das vezes que essas pessoas nos olham, elas veêm muito além da nossa visão limitada sobre nossa capacidade, e enxergam mais, acreditam mais, mesmo quando nem nós mesmo acreditamos.

Aprendi que quando fazemos o que amamos, não sofremos por fazê-lo.

Conclui que não sei quem vou ser daqui a cinco anos, assim como não sabia a cinco anos atrás quem eu seria (e olha que eu jurava que seria o mesmo cachorrinho com o rabo entre as pernas, perdida entre opiniões alheias a meu respeito e, veja então...), não sei onde vou estar trabalhando, ou se vou ao menos estar. Pode ser em uma sala de aula, em um Tribunal, em um escritório, em uma empresa, em um outro órgão, em algum outro cargo... Mas o que anseio hoje é pela benção de poder manusear a lei, compreender a norma, escrever o Direito, exigir a ordem, advogar pela justiça, colocando em prática o que aprendi até aqui, e guardando no bolso todos os outros ensinamentos que vou colhendo pelo caminho.

Vou ser diferente, graças a Deus. Vou ser melhor, por favor. Vou ser mais eu que nunca, e espero, sinceramente, nunca desacreditar na justiça humana, por mais falha e tardia que seja, por mais dificíl que seja, basta-me força para lutar e fé. Fé na justiça dos homens, para não permitir cair por terra todo meu ideal.

Mas resumindo...
Estudei muito. Aprendi demais. Demais mesmo...
Dormi pouco. Sofri bastante. Meu cabelo caiu, minhas unhas quebraram, meus pés cansaram, minhas costas doeram (doem ainda e acho que esse é um souvenir do curso!), mas persisti.
Fui contra aqueles que desacreditaram e com olhares pesarosos me questionaram pela minha escolha e me aconselharam a escolha de um curso mais fácil... Não os escutei. Fechei os olhos a todos estes, e dia a dia provei que eu era mais forte que isso para que hoje, eu levantasse os meus olhos e os visse, surpresos, estupefatos e obrigados a engolir a minha conquista. Minha!
Comi pouco por muito tempo e em fase de TCC comi demais.
Corri contra o tempo. Esqueci de mim. Esqueci minha família algumas vezes. Me permiti respirar o Direito e estar em constante contato com ele por dias, em alguns dias eu não tinha pausa disso... Era 12, 14 horas por dia pensando isso, dentro disso, mergulhada e consumida. Foi mágico!
Fiz muuuitas coisas ao mesmo tempo.. entre casamento, mudanças, reformas, trabalhos bem desgastantes, muitas matérias ao mesmo tempo, chefes surtados, cuidando de uma casa, outra mudança, uma construção, uma OAB em Direito Tributário, algumas monitorias, comissão de formatura para eu ter como pagar a festa, disciplina de prática pela nas férias (ou sem férias), com o melhor e mais exigente professor que tive, monografia em um tema desgastante, e morando sabe-se-lá onde... Eu vi. Eu vim... E venci.
Escutei "louca", "sem noção", "egoísta"... Mas só sentia lá no fundo do coração a esperança de que eu podia conseguir e se não desse certo, paciência ué! e pra minha surpresa... não é que deu certo?! Ufa... fim.
Mas pra todo fim tem um novo começo, e eu estou pronta, cada vez mais pronta pra me superar, me provar, me testar, me irritar e ver que vale a pena. Estou pronta pra seguir. Estou pronta pra me descobrir... Mas forte que estive a quase 6 anos atrás, mais segura, mais confiante, mais calma, mais atrevida, mais inteligente, mais Fernanda.
Tá aí... O que foi que mais aprendi? Aprendi a ser mais Fernanda do que nunca!

domingo

'Pãe'

Sempre digo que datas comemorativas como dia das mães, pais e etc., além de comerciais, induzem as pessoas a olharem para o próximo mais próximo e dizer-lhes o que o cotidiano faz calar e, em uma época onde até os amigos precisam se superar e se mostrarem mais interessantes que iphones, levantar os olhos para quem está ao nosso lado por tanto tempo, dia após dia, e realmente agradecer-lhes por tudo que fizeram até aqui e dizer um sincero 'Obrigado, mãe!' é mais importante do que um post de "Minha mãe é minha rainha", porque ela pode até ser mas é preciso dizer isso a ela antes...
Dias como hoje, as pessoas se forçam a estar junto daqueles que amam, se dedicam a escolher um presente, redigir uma cartão, dar um abraço, e aqueles que as têm ausentes, lhe direcionam um pensamento carregado de amor e saudade que, com certeza, chega até ela e como um buquê de flores, iluminando seu dia, onde quer que ela esteja!
Façamos isso, vamos dar amor hoje! Amor a quem nos deu a vida, a quem nos deu todo seu tempo, a quem nos dá colo, nos dá força e nos diz, do fundo de seus corações: "Você é a coisa mais importante do mundo" e nos deixa com a certeza de que isso é a mais pura verdade! =)
Minha mãe, toda única como todas, tem dois dias especiais assim por ano, dia dos pais também é dia dela, também homenageio e a digo "obrigada mãe, por ser um pai tão presente". 
É, existem essas anomalias por aí e aqui, por sinal, mas hoje, em especial, vou dizer a ela o quanto ela é f*%@ e agradecer muito por ser minha 'pãe'!

quarta-feira

Assustador, eu sei.

O ser humano, por sua própria natureza, é covardemente paradoxal e por diversas vezes nos deparamos com os conflitos entre o "dever ser" o "ser" e "aquilo" que nos transformamos quando queremos algo ou quando estamos com raiva.
Raiva. 
Essa simples palavra guarda consigo a capacidade de deturpar o belo, corromper conquistas morais de séculos, manchar um amor, tirar nossa paz...
Me entristeço tanto quando me deparo com o meu "lado ruim" e, em que pese eu já esteja parcialmente acostumada com minhas inconsistências e com a forma bizarra que me surpreendo agindo quando estou triste ou com raiva, não consigo parar de me assustar quando vejo esse mesmo fenômeno natural e ridículo em outras pessoas.
Egoísmo? Claro! Eu bem sei... Com licença, mas ainda assim não afasta de mim esse medo, medo de ver em quem você se transforma, como age e quão assustador fica quando quer provocar o mal, desconforto, tristeza... Vingança.
Disso eu me orgulho. Explico.
Por mais estarrecedora que seja uma situação ou uma circunstância, eu não sei me vingar e, não é que eu não queria o que eu perdoe rápido, mas eu simplesmente não o faço quando posso. Talvez eu me lembre do quanto é feio ver você fazendo isso.
Dá vontade de ir embora, engulo um choro ardido, uma mágoa profunda, que só me afasta de você.
É mais que dizer, eu sinto.
Sinto vontade de brigar, de te pedir por favor para não fazê-lo, de correr. Não o faço. Não adianta. Não posso. É passageiro...
Mas hoje, agora, eu não queria te ter por perto porque eu simplesmente não sei te amar quando você se vira contra mim.
O que eu amo em você se desloca, se vira, se contrai, some. Levando consigo minha dedicação, meu bem querer e aí eu me pergunto: "O que você está fazendo aí?" e sem querer dou a resposta sem vergonha que agora assumo: "esperando ele voltar..."

terça-feira

I miss you, home!






Vou contar um segredo, que nem segredo é...
Eu sinto tanto a sua falta!
Saudade mesmo... do meu lugar, do meu espaço, de chegar e ver meu amor cozinhando um macarrão e sentado no sofá sorri, quando me vê pela porta entrar...
Saudade da luz e do ambiente que me permitia aquela sensação... A sensação de chegar em casa.
Saudade da escada trabalhosa, da cozinha com louças para lavar, do lavabo cheio de charme, do quarto com nós dois deitados escutando legião urbana e cantarolando, feito dois bobos apaixonados pela vida, um pelo outro e por ter pra onde voltar.

Mas isso eu devo calar, aguardar e logo (ou não) vamos novamente sentir a paz de para casa voltar!


"Você pediu e eu já vou daqui
Nem espero pra dizer adeus
Escondendo sempre os olhos meus
Chorando eu vou, tentei lhe falar"

(Nando Reis - Você pediu e eu já vou daqui)

Tous Le Monde...


"Tout le monde est une drôle de personne,
Et tout le monde a l'âme emmêlée,
Tout le monde a de l'enfance qui ronronne,
Au fond d'une poche oubliée,
Tout le monde a des restes de rêves,
Et des coins de vie dévastés,
Tout le monde a cherché quelque chose un jour,
Mais tout le monde ne l'a pas trouvé...


Il faudrait que tout le monde réclame auprès des autorités,
Une loi contre toute notre solitude,
Que personne ne soit oublié,
Et que personne ne soit oublié[...]"

Tous  Le  Monde - Carla Brunni


Quando as músicas falam o que a gente queria mesmo ouvir...!